A palavra compaixão vem do latim compassio e significa o ato de partilhar o sofrimento de outrem. Em latim, compassio significa entender a dor de outra pessoa e essa compreensão leva ao desejo de ajudar, partilhando o peso da dor. Mais que empatia, a compaixão tem o elemento adicional do interesse em minorar a aflição alheia.
Em momentos de angústia, nem sempre é simples encontrar quem te compreenda e, mais ainda, quem esteja disposto a caminhar ao seu lado amparando, incentivando e, principalmente, acolhendo. Muitas vezes, não precisamos que nos digam pala-vras de ânimo e sim de que chorem conosco, permitindo-nos perceber que não estamos sozinhos nesse vale.
A Bíblia também traz o relato do sofrimento de Jó e da reação de seus amigos ante seu desabafo. Num primeiro momento, Elifaz, Bildade e Zofar o acolheram. “E, levantando de longe os seus olhos, não o conheceram; e levantaram a sua voz e choraram, e rasgaram cada um o seu manto, e sobre as suas cabeças lançaram pó ao ar. E assentaram-se com ele na terra, sete dias e sete noites; e nenhum lhe dizia palavra alguma, porque viam que a dor era muito grande” (Jó 2:12,13).
Eles se dispuseram a partilhar o pesar e, em silêncio, fizeram companhia a Jó por sete dias e sete noites. Entretanto, ao ouvirem o desabafo do amigo, deixaram a posição de acolhida pela de acusação e censura, amplificando o martírio: “Falaria eu também como vós falais, se a vossa alma estivesse em lugar da minha alma, ou amontoaria palavras contra vós, e menearia contra vós a minha cabeça? Antes vos fortaleceria com a minha boca, e a consolação dos meus lábios abrandaria a vossa dor” (Jó 16:4,5).
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E o próprio Deus os repreendeu pela atitude. Em meio à sua agonia, Jó não precisava de palavras duras e conselhos equivocados, mas de consolo e compaixão. Com os amigos em quem confiava, abriu seu coração e desabafou. Foram palavras que traduziam a intensidade de seu tormento, recheadas pela dor latente que rasgava sua alma. Assim como os salmos de Davi escritos em momentos difíceis. “Atolei-me em profundo lamaçal, onde se não pode estar em pé; entrei na profundeza das águas, onde a corrente me leva. Estou cansado de clamar; a minha garganta se secou; os meus olhos desfalecem esperando o meu Deus” (Sl 69:2,3).
Não era uma murmuração ou uma demonstração de raiva ou rancor pela luta incessante, mas uma súplica desesperada por alívio. Quem sofre, muitas vezes, não anseia por discursos, advertências ou opiniões. Quem sofre precisa de afago, aconchego, compreensão, entendimento. No auge da dor, basta a presença, um abraço, um ombro capaz de acolher as lágrimas e ouvidos que ouçam sem julgamento.
No momento oportuno, quando a tempestade aquietar, os conselhos serão bem-vindos. Por enquanto, ore por aquele que sofre, entregando-o a Deus; compadeça-se e faça o que estiver ao seu alcance para abrandar seu sofrimento; perceba quando as palavras são como lâminas afiadas e silencie; seja a mão estendida para ajuda-lo a se levantar; tenha paciência, amor e fé, pedindo ao Senhor que “com a consolação que recebemos de Deus, possamos consolar os que estão passando por tribulações” (2Co 1:4b).