A humanidade nunca foi tão rica. Estamos rodeados por excessos. O progresso tecnológico acumulado nas últimas duas centenas de anos permitiu à sociedade dar saltos exponenciais em direção à produção de bens e serviços, que por sua vez, deram origem a superabundância.
Entretanto, ao utilizarmos lentes para enxergarmos ainda mais de perto como se dão estes excessos e para onde estão indo, não é difícil lembrar de afirmações que já fazem parte do nosso cotidiano, como: “1% dos ricos detém 40% do patrimônio mundial” ou ainda: “Atualmente, os três maiores bilionários possuem patrimônios superiores à população somada das 48 nações mais pobres”.
No livro “The Third Pillar: The Revival of Community in a Polarised World” o economista Raguram Rajan afirma que os três pilares que podem dar sustentação às consequências econômicas e sociais da globalização, e seus respectivos efeitos na política e sociedade são: governo, mercado e a comunidade. Adentrar nos pormenores de cada um destes, está longe da minha alçada, entretanto ouso afirmar que o empreendedorismo social é uma iniciativa que pode envolver os três pilares em torno uma determinada causa social.
O empreendedorismo social nada mais é que um movimento que têm como objetivo utilizar metodologias e ferramentas de mercados já existentes, e que se mostram eficazes, na resolução de problemas socioambientais. Em outras palavras, são empresas que buscam gerenciar recursos financeiros, conquistando desta forma o alcance e velocidade que o governo, ONGs e indivíduos não possuem.
O empreendedor social busca problemas na comunidade e cria uma organização, preferencialmente lucrativa, para resolvê-los. Logo, não se trata de filantropia.
A grande diferença do empreendedorismo social para o empreendedorismo convencional, é que no primeiro, empreendedores buscam por problemas sociais extremamente difíceis de serem tratados, caso contrário alguma outra iniciativa que visa somente lucros já estaria explorando a oportunidade.
As frentes que podem ser atacadas pelos empreendedores sociais vão desde temas mais intrínsecos ao ser, como saúde, segurança, economia e educação, até os temas mais abrangentes, mas não menos importantes, como cidadania, cultura e meio-ambiente. Em um país tão vasto e com tantos problemas socioambientais como o nosso, um aspirante ao empreendedorismo social tem praticamente um celeiro com infinitas possibilidades para atuação.
A notícia boa é que o Brasil não é somente referência em problemas socioambientais. Por aqui temos iniciativas que são mundialmente reconhecidas e premiadas, como é o caso da Hand Talk, uma solução que provê acessibilidade à comunidade surda brasileira, recebendo em 2013 o prêmio de melhor aplicativo social do mundo.
Apesar de termos startups com destaque internacional, o número de tais iniciativas é desproporcional ao quantitativo de problemas socioambientais que possuímos. Uma das maneiras de diminuirmos essa desproporção seria adotarmos um olhar criativo em nossos empreendimentos buscando por oportunidades que resultarão não somente em retornos financeiros, mas também por oportunidades que resultarão em algum tipo de benefício social.
Fantástico; ótima análise!