A Rumo S/A, empresa do Grupo Cosan, que em março último arrematou a concessão de exploração de 1.573 quilômetros da ferrovia Norte-Sul, ofertando um lance de R$ 2,719 bilhões em leilão da Bolsa de Valores de São Paulo, estuda a possibilidade de trazer para Anápolis o seu centro de operações. A informação foi dada na última quarta-feira, 22, pelo presidente do Comitê Operacional e Membro do Conselho de Administração da Rumo, Júlio Fontana Neto, durante reunião com empresários na Associação Comercial e Industrial de Anápolis (Acia).
Júlio Fontana destacou que há um grupo de trabalho que está focado em fazer toda a estrutura ferroviária funcionar, o que deve ocorrer de forma plena num prazo de um ano e meio a dois anos, porque o trecho de São Paulo ainda não está pronto e tem obras complexas, dentre elas, duas grandes pontes. No entanto, o trecho de Anápolis a Palmas, no Estado do Tocantins, já está pronto em condições de ser operacionalizado, dependendo da estruturação de parcerias comerciais, além, ainda, de uma negociação com a Vale em relação aos oito pátios existentes ao longo desse trecho.
O diretor da Rumo salientou que os três principais investimentos, em curto e médio prazo, são a finalização das obras ferroviárias, a compra de material rodante e a definição e implantação do centro de operações. Ele descartou a possibilidade de que a ferrovia seja utilizada para o transporte de passageiros. O aproveitamento será integral para o transporte de cargas.
O contrato de concessão, segundo Júlio Fontana, deverá ser assinado dentro de aproximadamente 30 dias. O prazo da concessão é de 30 anos e a empresa ganhadora deverá fazer investimentos da ordem de R$ 2,8 bilhões nos próximos anos.
O presidente da Acia, Álvaro Otávio Dantas Maia, está otimista com a entrada em operação da Norte-Sul, uma vez que esse modal irá baratear o custo de transporte de mercadorias, consequentemente, trazendo mais competitividade para a economia de Goiás. Ele ressaltou que a entidade demonstrou as potencialidades de Anápolis para o diretor da Rumo e trabalhará para que, sendo possível, o centro de operações seja implantado no Município. Além disso, observou que o funcionamento da ferrovia pode contribuir para destravar o projeto do Aeroporto de Cargas, o que possibilitaria a consolidação de três modais – rodoviário, ferroviário e aéreo – dando a Anápolis uma condição logística diferenciada para atrair investimentos.
A Norte-Sul
A construção da Ferrovia Norte-Sul teve início em 1987, com objetivo de cortar os estados do Maranhão, Tocantins e Goiás e ser a espinha dorsal do transporte ferroviário brasileiro. Inicialmente era prevista extensão de aproximadamente 1.550 quilômetros, de Açailândia, no Maranhão, a Anápolis.
Em 2006, foi aprovado um projeto de ampliação da ferrovia, que incorporou um trecho mais ao Norte, sendo agora de Açailândia até Barcarena, no Pará. Dois anos depois, a Lei nº 1.772 estendeu mais uma vez o traçado da ferrovia até a cidade paulista de Panorama.
O tramo Central da Norte-Sul está situado entre Porto Nacional (TO) e Anápolis, com extensão de 855 km. Este trecho da ferrovia abrange 14 municípios do Tocantins e 19 de Goiás, e encontra-se plenamente operacional e disponível para o transporte ferroviário comercial de cargas, conforme informações da Valec, a empresa que construiu a Norte-Sul.