Para entender melhor, imagine o DNA como um livro de receitas: a sequência de ingredientes forma as receitas que trazem à tona o produto esperado. A epigenética seria como notas escritas nas margens desse livro, indicando quais receitas devem ser usadas e com qual frequência.
As marcas epigenéticas são adicionadas ao DNA ou às proteínas associadas a ele e podem ser influenciadas por diversos fatores, como o meio ambiente, exposição a substâncias químicas tóxicas, dieta, estresse, estilo de vida, prática de exercício físico, sono e hábitos alimentares. Tanto o estresse crônico quanto o câncer estão relacionados às alterações epigenéticas.
Por isso, a epigenética está acima da genética. Demonstra que não somos seres “pré-determinados” e que nossos genes não são um destino fixo. É importante ressaltar que a epigenética não altera a sequência de bases nitrogenadas do DNA – o “código genético” propriamente dito – mas pode adicionar “marcas” químicas ao DNA.
Epigenética não significa que podemos “escrever” nosso próprio DNA. No entanto, ela mostra que temos um papel ativo na nossa saúde e bem-estar e que nosso estilo de vida pode ter um impacto duradouro em nossa saúde e na saúde das próximas gerações.
Apesar de ser um tema complexo, a epigenética pode ser explicada de forma clara e acessível às pessoas que não possuem conhecimentos aprofundados em biologia. Por exemplo, compare o DNA a uma planta e o jardineiro. A semente contém todas as informações genéticas para a planta crescer, mas a forma como cresce depende do meio ambiente, como a quantidade de sol, água, nutrientes e cuidados que recebe. Assim, a epigenética seria como o jardineiro que cuida da planta e influencia o modo como ela se desenvolve.
A violência, seja ela física, psicológica ou social, pode desencadear uma série de respostas biológicas no organismo, incluindo alterações epigenéticas. Essas alterações são como “marcadores” químicos que se ligam ao DNA e podem influenciar a forma como os genes são expressos. Da mesma forma, religião e epigenética possuem uma conexão intrigante que cruza os domínios da espiritualidade e da biologia.
Práticas espirituais – orações, leitura de textos sagrados, jejum e restrições alimentares – e estilo de vida podem afetar diretamente a vida de alguém. Participar de comunidades, por exemplo, gera um forte senso de pertencimento, que por sua vez pode impactar positivamente a saúde mental porque fomenta esperança e otimismo. Isso, sem falarmos do propósito de vida, que motiva comportamentos saudáveis e reduz o estresse.
Duas frases do psicólogo e cientista norte-americano Burrhus Frederic Skinner são importantes para esta reflexão. A primeira diz: “Não considere nenhuma prática como imutável. Mude e esteja pronto a mudar novamente. Não aceite verdade eterna. Experimente” (Skinner, 1948). Já a segunda nos aconselha: “Triunfar sobre a natureza e sobre si mesmo, sim. Mas sobre os outros, nunca.” (Skinner, 1968)
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