Em 2004, Francisco Basílio Cavalcante, encontrou uma carteira com dez mil dólares esquecidos em um dos banheiros do Aeroporto Internacional de Brasília, onde trabalhava. Ele devolveu o dinheiro ao verdadeiro dono mesmo com dívidas pessoais a pagar. Isto lhe rendeu holofotes e mais holofotes, a ponto de ser recebido em palácio pelo, então, Presidente Lula. Pois bem… 15 anos depois, a história se repetiu, no mesmo endereço: Uma funcionária da limpeza do Aeroporto de Brasília deu um novo exemplo de honestidade. Genycleia de Araújo dos Santos, 30 anos, encontrou uma carteira com uma boa quantidade de dólares e não hesitou: entregou o objeto no ‘achados e perdidos’ do complexo aeroportuário.
Esta semana, a jovem Beatriz Ascari, de 20 anos, moradora de Ribeirão Preto (SP) encontrou uma bolsa perdida com sete mil reais, documentos e um celular dentro e entregou à Polícia Civil. Após a decisão, ela afirmou que está feliz e com a consciência tranquila. O fato intrigante nestas três (são milhares) histórias de cidadania e honestidade é que as personagens principais são pessoas simples, trabalhadores anônimos que, nem por isso, se valeram das oportunidades para levarem “vantagem em tudo”. Pelo contrário: sentiram nos ombros o peso da responsabilidade social e fizeram a coisa certa.
Que bom seria se isso fosse constante, normal e fator comum entre as pessoas, entre os povos, entre nós, os brasileiros. Infelizmente, não o é. O que se vê, chega a ser desanimador, com pessoas, das mais diferentes categorias sociais se apossarem de coisas, objetos e valores que não lhes pertencem, dentro da filosofia inaceitável de que “achado não é roubado”. Só que, na maioria dos casos, é, sim. E quem rouba, comete crime. Quem comete crime tem de responder por ele na Justiça. Todavia, nem sempre é assim. Num passado bem recente, o Brasil foi sacudido por notícias e mais notícias dando conta de atos dessa natureza, batizados de “operação X”, ou, “operação Y”. Só que, com valores multiplicados por milhares de vezes.
Têm sido feitos registros de desfalques milionários, desvios de fortunas, praticados, em grande, por pessoas que deles não precisam, mas que assim procedem ao darem vazão aos instintos de desonestidades. E, lamentavelmente, a prática é muito comum por parte de quem deveria dar o exemplo. Gente importante, que está no poder, não hesita em por a mão no dinheiro público. Essas pessoas ficam ricas, milionárias. Algumas chegam, até, a ser presas, acusadas, julgadas e condenadas. Só que, pouco tempo depois, vão para casa, saem pela porta da frente das cadeias, como se a zombarem da sociedade. Sem contar que, na verdade, não devolvem um centavo do que levaram de forma desonesta e criminosa. Basta lembrar o episódio recente da Operação Lava Jato. Quantos dos envolvidos condenados ainda estão presos? Nenhum! O último, condenado a mais de 100 ano de prisão, não ficou nem seis direito e saiu da cadeia esta semana.