Profissionais da comunicação de Anápolis identificam falhas como ignorar origem da notícia e compartilhar informações sem observar a procedência
Por Orisvaldo Pires
O termo Fake News vem do inglês: fake (falso) + news (notícias). São informações falsas que se disseminam entre as pessoas como se fossem verídicas. Podem ocorrer em qualquer ambiente da relação comunicacional: um noticiário na imprensa, nas redes sociais, na sala de aula, numa conversa entre vizinhas. Uma Fake News é propagada em alta velocidade por meio da Internet. Seus estragos são incalculáveis.
A prática é mais antiga que se possa imaginar. Em um debate sobre Fake News promovido há algum tempo pelos cursos de Jornalismo, Direito e Pedagogia da Faculdade Fama de Anápolis, o jornalista e advogado Arinilson Gonçalves Mariano – um dos palestrantes – disse que a primeira Fake News da história talvez seja a trapaça que a serpente aplicou em Eva, no paraíso.
As consequências do que acontecera no Éden, como sabemos, foram danosas e seus efeitos nos afetam até a atualidade. Com uma informação falsa ocorre o mesmo. Um grupo de jornalistas consultado pela reportagem do Contexto analisou o grau de nocividade da Fake News para o jornalismo e para o processo eleitoral ora em andamento.
O jornal britânico The Telegraph, divulgou em certa oportunidade que as notícias falsas podem ocorrer por cinco motivos: enganar o leitor, interesse que leva à mentira, objetivo de esconder algo, propagar fatos enganosos e intenção de fazer piada sobre alguém.

Toda manipulação da realidade deve ser rechaçada. É o que pensa o jornalista Marcos Vieira, do portal Anápolis360graus, que integra as equipes de jornalismo da Rádio Manchester e da Câmara de Anápolis. “Um processo eleitoral influenciado por fakes news mascararia a verdadeira vontade popular, algo que fere de morte o processo democrático. Que a população tenha consciência que só há um antídoto contra as notícias falsas: o jornalismo profissional”, considerou.

O jornalista Felipe Homsi, que atua no rádio e como assessor de imprensa, acredita que a ação daqueles que espalham notícias falsas não será decisiva no processo eleitoral em Anápolis. “Vão provocar ruído, mas os eleitores têm conhecimento suficiente para escolher com base na verdade. Estamos amadurecendo”, disse.

Vander Lúcio Barbosa da Silva, jornalista e publicitário, diretor-presidente do jornal Contexto, avalia que, embora a mentira seja usada por muitos ‘marqueteiros de plantão’, “o anapolino evoluiu muito em seu intelecto e aprendeu a observar. Quem apostar na mentira, tenha certeza, será desmascarado nas urnas”, ressaltou.
‘DOENÇA’

Há quem compare a Fake News com uma doença contagiosa. O radialista Rubiano Cardoso, atualmente na equipe de Cerimonial da Prefeitura de Anápolis, acredita que a disseminação de atitudes ruins, de comportamentos deturpados, “é uma pandemia com o mesmo grau de nocividade que a Covid-19”. Segundo ele a falta de propostas e as sobras de ataques são um vírus para o qual não há vacina.

A jornalista Fernanda Morais, do portal Anápolis360graus e da assessoria de comunicação da Câmara de Anápolis, entende que a Fake News pode ajudar a eleger pessoas mal preparadas, em detrimento daquelas que são sérias, “é importante chegar à origem da notícia, buscar informações em veículos confiáveis”.

Uma mentira, nas redes sociais, pode parecer muito com uma verdade. Mas, por dentro, é tendenciosa e incorreta. As pessoas devem ficar atentas para saber discernir o que é falso e o que é confiável. O jornalista Claudius Brito, editor do jornal Contexto, vê a Fake News como “ameaça à democracia”. As autoridades, segundo ele, devem criar mecanismos eficazes para combater a prática e punir quem as dissemina. “As pessoas não devem acreditar em tudo que é publicado, busque informações em veículos sérios”, alerta.
INDIFERENÇA

Um alerta dos especialistas: as Fake News passam despercebidas sobretudo quando são divulgadas por amigos e pessoas do círculo de relacionamento. As pessoas, muitas vezes por pressa, passam notícias para frente sem mesmo ler ou clicar. A jornalista Letícia Jury, mestre em Jornalismo e professora de Jornalismo da Faculdade Fama, vê na desinformação um grande problema do jornalismo.
“Quando não há apuração da matéria de forma correta, quando o texto é escrito de forma incorreta, quando deixam de ouvir todos os lados envolvidos”, explica. Jury chama atenção também para a objetividade ou subjetividade velada, quando o veículo deixa de mostrar sua linha editorial de maneira clara para o leitor, telespectador, ouvinte ou internauta.

Para a jornalista Geovana de Bortole, que trabalha na assessoria de comunicação da Câmara de Anápolis, é preciso saber diferenciar liberdade de expressão e notícias falsas. Segundo ela, a disseminação de Fake News se tornou ilegal, mas ainda é uma prática comum. “Por isso o papel do jornalista, mais uma vez, se torna ainda mais fundamental, pois os veículos de comunicação com credibilidade se baseiam em fatos e evidências”, pondera.
REDES SOCIAIS

O avanço das tecnologias da comunicação cria ambiente propício para a propagação das Fake News. A jornalista Márcia Costa, ex-assessora de imprensa de UEG/GO e atualmente professora de Jornalismo na Faculdade Fama, credita essa explosão de informações falsas ao surgimento das redes sociais. “Este ambiente muitas das vezes dá voz a pessoas e grupos sem escrúpulos, com intenções nem sempre comprometidas com a verdade. É preciso que as notícias sejam sempre apuradas”, disse a jornalista.
Anápolis oferece um ambiente seguro para que sejam buscadas informações verdadeiras e confiáveis. O meio da comunicação local conta com jornais (impressos e virtuais), sites e portais, e emissoras de rádio e de TV onde atuam profissionais do jornalismo qualificados e comprometidos com a informação crível. Um porto seguro, uma fonte de água limpa onde o leitor, telespectador, internauta ou ouvinte pode matar sua sede de conhecimento dos fatos ligados à cidade. Se existe um antídoto para as Fake News, ele está no espírito crítico que deve nortear nossas atitudes diante de qualquer informação da qual desconhecemos a procedência.
Muito importante Sempre falar sobre fake news e sobre manipulação de informações, principalmente reforçar que é crime, que prejudica processos eleitorais e a imagem de pessoas.