Sem dúvida, somos a geração “fast food”. Em tradução mais direta, o termo significa comida rápida – para resolver o problema da fome imediata. Restaurantes como McDonald’s, Giraffas, Burger King, Pizza Hut, Subway, Telepizza, Bob’s, Habib’s são os mais conhecidos e desejados desta geração.
Alguns afirmam que somos “cada vez mais fast e cada vez menos food.” Apesar de estar associada à má alimentação, ao câncer, à depressão, obesidade, ao colesteral alto e do maior teor de gordura saturada, açúcar, sal e calorias, o fast-food caiu no gosto da população por ser alimento mais prático e barato.
Uma nova tendência, porém, tem sido detectada por analistas e estudiosos. Trata-se do retomo ao slow-food. Isso é, “comer devagar” ou preparar a alimentação sem pressa. Mais que um conceito, é um movimento organizado que prega a importância de comer de modo consciente e de maneira prazerosa, com qualidade.
Ao contrário do vegetarianismo, o slow-food não é algo radical, mas prima por afirmar a beleza e o significado de preparar a comida e comer sem pressa. E isso é porque há um princípio de que o que comemos influencia o mundo à nossa volta. É um retorno às tradições, já que nossos pais investiam na escolha e preparação dos alimentos.
Preparar a alimentação e comer devagar também busca resgatar o prazer de utilizar temperos naturais, muitas vezes cultivados em casa. O alimento precisa ser bom, bonito, não deve prejudicar a saúde e o meio ambiente. Comer torna-se algo além de suprir uma necessidade fisiológica.
Tem a ver com a experiência de saborear, desfrutar da companhia das pessoas, celebrar a comida como se fosse um ritual.
Tem a ver com a importância de respeitar o tempo das coisas. Tudo isso passa também por comer mais legumes e frutas em sua própria estação, além de considerar que cada ingrediente tem um tempo diferente para cozinhar ou assar. No slow-food comer não é apenas empanturrar-se, pois possui uma liturgia de vida.
Os benefícios podem ser surpreendentes, pois comer devagar muda completamente nossa relação com a comida e com a hora de comer. É importante comer com calma, com prazer, deliciando-se com cada pedaço. Ao fazer isso, a digestão começa na boca, com a apreciação dos gostos e sabores distintos. Há uma sentença relacionada ao slow-food que diz: “você escolhe melhor o que come, escuta sua fome e para de comer quando se sente saciado.”
É importante cozinhar quando puder, aprender a encontrar prazer no preparo dos alimentos, usar os temperos, experimentar diferentes pratos, transformar a hora das refeições em um momento de satisfação e de conversa com as pessoas que você ama. Particularmente, tenho aprendido a beleza de preparar a comida, o significado de ouvir uma boa música durante a preparação lenta e prazerosa. Não é perda de tempo, é resgate! Assim, comer transforma-se em uma experiência de sabor e textura, cheiros e aromas e o resultado pode ser muito enriquecedor, principalmente quando apreciamos a comida conversando com quem amamos.
Como judeu, Jesus apreciava uma boa comida. Enquanto ele e seus discípulos degustavam um peixe assado às margens do Lago da Galileia, aconteceu um dos mais lindos diálogos da Bíblia. Foi quando Jesus perguntou a Pedro, ao redor da fogueira e do peixe assado: “Pedro, tu me amas?”