Na semana passada a Diretoria da Associação Comercial e Industrial de Anápolis provocou uma reunião especial com a finalidade de debater, especificamente, a falta de uma melhor logística para conciliar a presença de centenas de caminhões e carretas, com o movimento natural dos veículos de menor porte que circulam pelas vias internas do Distrito Agro Industrial. O aumento da operacionalidade das fábricas instaladas no Daia, o que se considera um ponto altamente positivo para a economia de Goiás, tem causado alguns transtornos, todos eles de conhecimento da Companhia dos Distritos Industriais de Goiás (Goiasindustrial), como da própria diretoria da Associação Comercial e Industrial, assim como das empresas donas, ou locadoras dos caminhões.
Dentro desta ótica, alguns avanços importantes foram abordados, como a necessidade de se formarem estacionamentos próprios para os veículos de grande porte, como também, o estabelecimento de normas e de horários para este tráfego que está cada vez mais intenso. Segundo Afonso Rodrigues de Carvalho (Magaiver) Presidente do Sindicato dos Transportadores de Veículos (Sintrave), existem, em várias cidades brasileiras, onde estão sediados projetos industriais à semelhança do Daia, garagens e pátios próprios para este serviço. Ele citou o caso do Porto Seco Centro Oeste, em Anápolis, como um exemplo de que pode ser feito um trabalho objetivando acolher os caminhoneiros, oferecendo-lhes infraestrutura e segurança. Além do que, criar-se-ia uma alternativa inteligente para se facilitar o trânsito dos demais veículos pelas ruas do Distrito. O Superintendente do Porto Seco Centro Oeste, Edson Tavares, disse que existem alternativas para se resolver o problema e que a principal delas seria a formação de acostamentos na pista central do Daia, para que os caminhões e carretas se estacionem sem prejudicar o movimento nas pistas efetivas. “Depois, existem outras, como o anel viário pela parte posterior do Distrito, assim como a instituição de estacionamentos específicos para as grandes carretas”. Mas, para Tavares, a solução definitiva somente ocorrerá depois que o viaduto no trevo de acesso ao Daia for construído.
Opiniões
O presidente licenciado da Associação Comercial e Industrial de Anápolis, empresário Wilson de Oliveira, reconhece que existe o problema “mas é um bom problema”, justifica. Segundo ele, o Daia está no esplendor de sua produtividade, com cerca de 130 empresas acolhendo a mais de 13 mil trabalhadores, numa demonstração de que a proposta industrial de Anápolis está sacramentada. “O que precisamos e é isto que estamos buscando imediatamente, é conciliar os interesses de todos. Os empresários não se sentem à vontade ao verem seus trabalhadores chegando atrasados por conta de dificuldades de tráfego no interior do Daia. Isto dificulta o andamento normal das atividades e, até, resulta em prejuízo para as empresas”, disse Wilson Oliveira. Ele entende que existem interesses recíprocos, tanto das transportadoras, quanto dos empresários, de se busca um objetivo comum, o que está próximo de acontecer.
Enquanto isso, o Presidente da Goiasindustrial, empresário Ridoval Chiareloto disse que o Governo do Estado tem todo o interesse em viabilizar a questão e, para isso, já está em campo. “Estamos na expectativa de iniciar, em curto espaço de tempo, uma série de melhoramentos no Daia. Entendemos que o Distrito é a vitrine da industrialização de Goiás e do Centro Oeste. Os empresários precisam se sentir à vontade nele. A questão do trânsito intenso, com a presença dos caminhões, se deve ao fato de as fábricas estarem trabalhando com a carga total. Nossas equipes estão em busca de soluções imediatas e vamos conseguir a resolução em curto espaço de tempo”, justificou Ridoval Chiareloto.
De acordo com Ridoval, tudo o que for necessário se fazer para que as carretas e os caminhões sejam menos notados no sistema viário do Daia, será feito. Ele adiantou que algumas empresas já providenciaram modificações na operacionalidade. Citou a Transportadora Gabardo como exemplo. Os caminhões desta empresa não circulam depois das 15 horas, por uma questão de logística e segurança. O trânsito das “cegonheiras”, como são chamadas as carretas que transportam carros novos, é mínimo no horário de pico, segundo ele.
Além disso, o diretor financeiro desta empresa, Luiz Marcon, anunciou na quarta-feira, 18, que foi adquirida uma área justamente para o estacionamento de suas carretas e que em breve elas não mais ficarão estacionadas na vias internas do Daia.
Soluções a caminho
Ainda de acordo com o que ficou estabelecido, a Associação Comercial e Industrial de Anápolis vai continuar acompanhando a questão, buscando a parceria de todos para que o problema seja resolvido. Além de manter o foco na construção do viaduto no trevo de acesso ao Daia o que influencia no trânsito interno do Distrito, a Acia vai continuar gestionando junto ao Governo do Estado para que seja iniciado o projeto do anel viário pelo setor de fundos do Distrito. Seria uma pista dupla de seis quilômetros, ligando a parte posterior do Distrito Agro Industrial, à BR 060, margeando o Aeroporto Civil JK. Esta nova alternativa, na visão dos empresários participantes da discussão, aliviaria, em muito, o trânsito no eixo central do Daia. Conforme Wilson de Oliveira, todas as parcerias vão ser buscadas, seja em nível federal, junto ao Dnit, no nível estadual, junto à Agetop e, até, junto à Prefeitura, através da Secretaria de Desenvolvimento Urbano Sustentável.
Não existe uma estatística oficial de quantos veículos circulam nas vias internas do Daia diariamente, mas, conforme avaliação dos envolvidos na discussão, nos últimos dois anos este movimento cresceu de forma incontrolável, devido ao aumento da produção que se verificou na grande maioria das empresas ali instaladas. Assim sendo, quanto mais produtividade, mais aumenta a demanda por transporte e, consequentemente, mais caminhões e carretas no interior do Distrito. Entretanto, conforme a direção da Acia, é um problema que outras cidades gostariam de estar vivendo: produção em alta escala e, certamente, mais capital circulando, mais empregos sendo oferecidos e mais tributos sendo gerados.