O cigarro é um dos produtos de consumo mais vendidos no mundo. Comanda legiões de compradores leais e tem um mercado em rápida expansão. Satisfeitíssimos, os fabricantes orgulham-se de ter lucros impressionantes, influência política e prestígio. O único problema é que seus melhores clientes morrem um a um. Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, dos Estados Unidos, a vida dos fumantes americanos é reduzida, coletivamente, todo ano, em uns cinco milhões de anos, cerca de um minuto de vida a menos para cada minuto gasto fumando.
O cigarro traz vários riscos para a saúde. Seu uso prolongado pode levar à doença pulmonar obstrutiva crônica – DPOC, bem como ao infarto em pacientes hipertensos; doenças vasculares sistêmicas; cânceres de garganta, boca, estômago e, principalmente, pulmão. O hábito de fumar, também, pode incorrer em complicações arteriais nos membros inferiores. Geralmente o cigarro está associado às doenças pulmonares crônicas, como a enfisema. Segundo a médica pneumologista Larissa Rodrigues, os pacientes, por exemplo, que são diabéticos, hipertensos e fumam, têm chances muito grandes de sofrer infartos. No mundo todo, três milhões de pessoas por ano – seis por minuto – morem por causa do fumo, segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS e Sociedade Americana do Câncer. Essa análise das tendências mundiais com relação ao fumo, a mais abrangente até a presente data, engloba 45 países. Segundo especialistas, se persistirem os atuais padrões de tabagismo, quando os jovens fumantes de hoje chegarem à meia-idade ou à velhice, haverá cerca de 10 milhões de mortes por ano causadas pelo fumo – uma morte a cada três segundos.
“Apesar de muitas pessoas acharem que não, charutos e cachimbos também são prejudiciais à saúde. O charuto não é tragado, mas de qualquer maneira, o fumante inala sua fumaça – o que faz mal”, adverte. A freqüência com que o indivíduo faz uso do cachimbo, ou charuto, é outro fator que conta pontos em relação à saúde. Em um estudo prospectivo de 7.735 homens com idades entre 40 e 59 anos, analisados por clínicos gerais de 24 cidades da Inglaterra, pesquisadores avaliaram a incidência de doença coronária, acidente vascular cerebral, câncer, e morte por todas as causas entre tabagistas de cachimbos e charutos. O seguimento foi feito por um período médio de 21,8 anos. E no geral, os efeitos de fumar charutos e cachimbos foram intermediários entre aqueles que nunca fumaram e aqueles que fumavam cigarros com baixos teores de nicotina, embora os riscos para câncer de pulmão tenham sido semelhantes aos de fumantes de cigarros com baixos teores.
Passivos
Os fumantes passivos são outro grupo de risco associado ao cigarro. A Doutora Larissa explica que são chamados fumantes passivos aqueles que convivem, ou têm contato próximo com fumantes – como, por exemplo, filhos, esposa, marido, colegas de trabalho. Essas pessoas têm grande probabilidade de desenvolver doenças pulmonares como bronquite e crises de falta de ar. Além disso, há indícios de que conviver com fumantes aumenta os riscos de câncer de pulmão. A Agência para Proteção do Meio Ambiente (EPA, em inglês) diz que a inalação passiva da fumaça de cigarro é responsável pelo câncer de pulmão que mata 3.000 pessoas todos os anos nos Estados Unidos. As mulheres que nunca fumaram, mas que inalam fumaça de cigarro no ambiente, correm um risco 30% maior de contrair câncer de pulmão do que outras pessoas que também nunca fumaram. No caso das crianças pequenas, a fumaça de cigarro resulta em 150 mil a 300 mil casos anuais de bronquite e pneumonia. A fumaça agrava os sintomas de asma em 200 mil a um milhão de crianças todo o ano. Ao fumar, um indivíduo inala, aproximadamente, 4.500 tipos substâncias tóxicas. Substâncias essas que estão presentes, ainda em maior número, na fumaça liberada pelo cigarro. Entre elas estão a acetona; cianureto; metanol; amônia; tolueno; cádmio, butano e o DDT (inseticida).
Muitas pessoas dizem que querem parar de fumar, mas não conseguem. A médica orienta que o primeiro passo é procurar um especialista – um pneumologista. “O médico então fará uma investigação para descobrir qual é a fase em que esse indivíduo se encontra. Esses estágios são divididos em cinco, chamados: pré-contemplativo; contemplativo; de ação, de preparação e de permanência ou manutenção”, disse. À primeira fase são associados aqueles que não querem parar. Na fase contemplativa, essa vontade já existe; e é então que o médico instrui o paciente a marcar uma data para parar de fumar. Depois de marcada a data inicia-se a ação, é nesse período que são administrados os medicamentos que visam auxiliá-lo na luta contra o vício. Os principais remédios utilizados atualmente são: a bupropiona – um antidepressivo que ajuda a diminuir a ansiedade; a varelicina – que atua nos receptores de nicotina e diminui a vontade de fumar; e os adesivos de nicotina – menos indicados por aumentarem as chances de arritmia cardíaca.
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