Mas, não tem sido tarefa das mais fáceis e os resultados, ainda, estão longe da proposta de se humanizar o trânsito anapolino. Até porque, algumas iniciativas não dependem, somente, do Poder Público Municipal. É o caso dos acessos a partir de rodovias estaduais e federais que desembocam no perímetro urbano. Constitucionalmente, não há como (nem existem recursos disponíveis) as prefeituras promoverem obras em estradas sob o domínio do Estado e/ou da União. Para agravar a situação, muitas delas, ainda, são terceirizadas, ou privatizadas. Assim sendo, as administrações municipais, como é o caso da de Anápolis, dependeriam de projetos de níveis regional e federal para a solução de vários desses problemas.
Principais entraves
As entradas para a Cidade, através das rodovias federais se constituem numa dificuldade aguda, pois o volume de tráfego despejado nos bairros adjacentes aos trajetos citados, causam os chamados gargalos, ou, congestionamentos que começaram a ficar muito preocupantes a partir de meados da década passada. Entrar para o perímetro urbano pela BR 414 (ligação com Corumbá e Pirenópolis), em determinados horários, passou a ser um drama para milhares de condutores. O sentido inverso, também, é por demais dificultoso. A condensação de veículos dos mais variados portes na parte inferior do viaduto da BR 153 (Belém-Brasília) sobre a Avenida Universitária, inviabiliza a fluidez racional do movimento, estrangula o tráfego e dificulta, em muito, a vida das pessoas.
A construção do “Viaduto do Recanto do Sol” obra em andamento, se propõe a minimizar este angustiante problema, pois dividiria o volume de tráfego oriundo de cerca de dez bairros, ao direcionar parte do fluxo para a região do Setor Boa Vista, através do loteamento Grand Trianon, antiga Chácara das Rosas. A mesma situação é vivida, também, na BR 153, na região do Viaduto “Ayrton Senna”, cuja parte inferior está inserida no sistema viário urbano e faz a ligação entre o chamado setor central, com mais de uma dezena de núcleos habitacionais, ancorados pelo Bairro de Lourdes, o mais antigo daquela parte da Cidade.
E, como se não bastasse, na conexão da BR 153 com a BR 060 (Goiânia Brasília), na altura do Viaduto “Miguel Moreira Barga”, antigo ‘Trevo da TCA’ o fato se repete com maior intensidade ainda. Tem-se como certo que a resolução desses problemas residiria na implantação de mais uma (ou duas) passagem sobre (ou, sob) a rodovia, para se liberar o tráfego pesado sentido Brasília e Vale do São Patrício e Norte de Goiás, com a ligação urbana priorizada para o trânsito cotidiano. Há, inclusive, a promessa de tal obra, contudo, sem data definida e sem projeto específico. Isto, em tese, aliviaria o escoamento (nos dois sentidos), para a Região Leste da Cidade, por sinal, a que mais tem crescido ultimamente.
Todavia, a obra mais pretendida neste setor é a do Anel Viário do DAIA, projeto que se desenrola há seis anos, sem uma definição de quando será concluído. Este anel resolveria, em grande parte, o drama diário e constante de milhares de condutores de veículos que, obrigatoriamente, têm de circular naquela parte de Anápolis. Os engarrafamentos observados, principalmente, no período matutino e no final da tarde, chegam a ser dramáticos, pois prejudicam o trajeto normal de pessoas e retarda a entrada e a saída de milhares de trabalhadores, funcionários das fábricas do Distrito Agro Industrial de Anápolis, além de vários bairros com alta densidade demográfica cujos moradores têm como única passagem, aquele trecho. Sem contar que por aquela via transita todo o movimento rodoviário de cidades localizadas na região da Estrada de Ferro. É a GO 330.
Gargalos internos
Como se não bastasse isso, o estrangulamento provocado pela intensa carga de veículos na ligação do “centro antigo” de Anápolis com a região denominada “Grande Vila Jaiara” é outro complicador enorme. Apenas duas avenidas (Presidente Kennedy e Tiradentes) se encarregam desta ligação, sistema considerado insuficiente para dar melhor vasão ao movimento. A abertura de uma avenida que ligaria a Jaiara, via Bairro Itamaraty, com a Vila Fabril, é tida como imprescindível e, por demais, necessária para tal alívio.
E, para completar, o principal desafio do estrangulamento do tráfego urbano de Anápolis está na Avenida Pedro Ludovico, cujo gargalo maior fica entre o antigo Parque de Exposições Agropecuárias e a entrada para o Jardim Calixto, um corredor estreito, de pista única que é sobrecarregado com veículos de todos os portes. A via é o escoadouro natural do fluxo advindo de cerca de 10 a 15 bairros, todos densamente habitados, além de parte do tráfego procedente de Goiânia, que adentra pela região do Posto Presidente, como também, o movimento da GO-222, (Anápolis/Nerópolis), de alta rotatividade. A Prefeitura aposta no encaminhamento da solução para este problema pontual (ou, parte dele), com a construção da Ponte Estaiada “Dr. Edenval Ramos Caiado” ora em andamento. Esta ponte fará a ligação do setor Vivian Park/Residencial Morumbi, com a Avenida Brasil Sul, na conexão através dos bairros São João, e Calixtolândia/Polocentro.
Outra ideia surgida é o prolongamento da Avenida Ayrton Senna, que margeia o Ribeirão Antas, até sua ligação com o Residencial Morumbi, Residencial Copacabana; Vila União; Bairro Paraíso; Novo Paraíso, Residencial Jibran e outros que compõem o conglomerado Vivian Park. Todavia, esta segunda parte é, apenas, um plano que, a cada dia que passa, cai, mais, no esquecimento. Tem-se como certo que as próximas administrações municipais encontrarão pela frente muitos desafios se quiserem, de fato, humanizar o trânsito de Anápolis. Mas, vão precisar de muita criatividade, muito foco, e principalmente, de muito dinheiro.
Se a prefeitura não faz o que é muito mais simples e barato, como sinais em linha verde, cruzamentos e retornos devidamente dimensionados e sinalizados, multa para os estacionamentos proibidos e filas duplas, retirada de obstáculos e principalmente ambulantes das calçadas e ruas do centro, vai resolver com obras caríssimas? Falta é gestão, não solução