O desenvolvimento de uma força-tarefa para a poda de milhares de árvores no perímetro urbano de Anápolis, devido aos riscos que as galhadas oferecem às redes de energia, telefonia e internet, reacende uma velha questão. Trata-se de uma atividade que nunca terá fim, pois as árvores voltam a crescer, seus galhos voltam a ameaçar os fios e cabos e as despesas com essas operações se tornam, cada vez, mais altas.
O problema fica maior com o período chuvoso, pois, invariavelmente, a força dos ventos arremessa as galhadas contra os fios de alta e baixa tensões, o que provoca prejuízos materiais com curtos- circuitos, incêndios e, até, tragédias com mortos e/ou feridos.
A Equatorial, empresa que desenvolve a política energética em Goiás, está encarregada da operação que vai atingir a cerca de duas mil árvores. Só que, daqui a alguns meses, o trabalho deverá se repetir.
E, a rigor, pelo menos por enquanto, esta incômoda rotina vai se repetir. Não há uma solução barata para o problema da maioria das cidades que estenderam milhões de metros lineares de fios e cabos, em postes de diferentes alturas e com diferentes finalidades.
É o caso de Anápolis. A desmontagem dessa redes e a substituição para outros sistemas, como cabeamento subterrâneo, embora seja uma medida plausível, esbarra na falta de recursos financeiros. As prefeituras, em geral, não têm verbas para empreendimentos de tal envergadura.
Esta semana, surgiu uma proposta para que os futuros loteamentos a serem abertos no Município, tenham projetos com dutos subterrâneos para a extensão das redes, inclusive da iluminação pública.
A medida avançaria e, a partir de então, todo novo conjunto de lotes residenciais, ou não, teria, obrigatoriamente, este sistema de rede. Isso todavia, deve passar por legislação específica, já que Anápolis não dispõe de leis nesse sentido.
Está provado que experiências com cabeamento subterrâneo foram altamente benéficas em vários países, principalmente na Europa. No Brasil, também, já existem esboços neste sentido e algumas cidades têm projetos semelhantes em funcionamento.
Onde funcional
Em Santa Catarina, várias cidades já contam com redes subterrâneas. É o caso, por exemplo, de Joinville, São José, Florianópolis e Lages. O condomínio La Societat San Simone, em Criciúma, decidiu inovar. A fiação aérea foi abolida dos 142 terrenos colocados à venda no empreendimento que fica na região central da cidade. Calcula-se que em Belo Horizonte, o percentual seja de 2%; em São Paulo, de 10%; no Rio de Janeiro, 11%. Os 400 quilômetros de rede subterrânea de Porto Alegre correspondem a 9,2% de todo o sistema da Capital Gaúcha. Lá, o prefeito Sebastião Melo (MDB) sancionou a lei que determina que empresas e concessionárias prestadoras de serviços substituam o sistema atual por um cabeamento subterrâneo até abril de 2038. Em várias cidades do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, nos novos projetos de loteamentos, principalmente nos chamados condomínios horizontais fechados, já se exige esse novo sistema. Trata-se de um combo que une distribuição de energia, iluminação pública, arborização em calçadas e em ilhas centrais, acondicionamento de resíduos sólidos (lixo urbano), tudo debaixo da terra. Em Gramado, na Serra Gaúcha, grande parte da cidade já não mostra mais os fios suspensos. Em Balneário Camboriú (SC), as caixas de coleta do lixo ficam em nível abaixo das calçadas. São projeto que tendem a se estender por outras regiões do Brasil, para oferecerem melhor qualidade de vida aos moradores.
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