A expansão demográfica (com a consequente valorização imobiliária) fez com que se redesenhassem as chamadas manchas criminais em Anápolis nas últimas décadas. Setores, antes problemáticos, hoje, tornaram-se regiões valorizadas, devido a investimento públicos e ao fortalecimento das políticas de segurança que vieram com o decorrer do tempo.
Houve a migração desse fenômeno social para regiões mais remotas, ao passo que, também, mudou-se o perfil do agentes de delitos variados.
Entre os anos 60 a 80, eram considerados áreas problemáticas para segurança pública em Anápolis, setores como Vila Corumbá (hoje Maracanãzinho), também chamada pitorescamente de Coreia; Boa Vista; Rua Mauá; Bairro Paraíso; Bairro de Lourdes, dentre outros.
Atualmente a realidade é bem diferente e tais regiões se inserem no chamado urbanismo moderno.
Ficou, apenas, na história, os altos incides de criminalidade ali registrados. Policiais aposentados, comunicadores da época e políticos que viveram tal realidade têm, apenas, vagas recordações disso.
Mas, durante todo o transcorrer desse tempo, o perfil da criminalidade no Brasil, também, sofreu mutações profundas.
A “popularização” de drogas como merla, crack, o aumento do consumo de maconha, cocaína e seus derivados, surgiram como elementos complicadores.
O narcotráfico passou a ocupar o espaço antes preenchido pelos crimes contra a pessoa e contra o patrimônio, o que fez mudar, também, as estratégias do aparato policial.
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Atualmente, se investe infinitas vezes mais com segurança do que há três, quatro décadas.
O crime meio que se “profissionalizou”, com o surgimento de organizações criminosas de alto teor de violência e poder econômico.
Anápolis não foge à regra, em que pese maciços investimentos na qualificação de pessoal e no aparelhamento das estruturas policiais civis e militares.
É uma guerra sem tréguas.
Novo perfil
Nas últimas décadas, com a transformação de Anápolis em cidade polo e com influência em dezenas de outros municípios, a configuração criminal, também, sofreu forte metamorfose.
O crime que campeava nos setores já citados, foi tangido para pontos mais equidistantes do setor central onde, nem sempre, existe a presença da força pública de forma mais ostensiva.
O surgimento dos conjuntos habitacionais que são ocupados quase que simultaneamente por moradores de variadas índoles, fez a mesclagem de cidadãos de natureza ilibada, com pessoas de perfis comprometedores, dentre eles, muitos criminosos.
Assim sendo, mesmo com a depuração que tem sido verificada ao longo dos anos, esses locais são preocupantes para políticas de segurança pública em Anápolis.
Os dados das polícias (Civil e Militar) mostram o mapeamento de regiões que demandam mais cuidados.
Tanto é assim que as incursões policiais se multiplicam em conglomerados como Residencial Copacabana; Residencial Leblon; Setor Industrial Munir Calixto; Jardim Primavera, Jardim Esperança e outros, onde os números apontam maior incidência criminal, embora a maioria esmagadora das populações desses bairros seja constituída de famílias de trabalhadores socialmente corretos, donas de casa, estudantes e outros cidadãos de boa índole.
É um fenômeno social inevitável.
Mas, os dados são animadores. Anápolis tem registrado, ano após ano, vertiginosa queda nos índices da violência, principalmente no que diz respeito a crimes contra a pessoa e crimes contra o patrimônio. A taxa de homicídios caiu para menos da metade em cinco anos. Os roubos e os furtos, também, diminuíram muito.


Atuação das forças de segurança, de forma integrada, têm contribuído com a redução de vários indicadores de criminalidade em Anápolis
A origem
Sobre a análise sociológica do problema, tem-se como certo que a pujança do Município, com a informação de que se trata de uma “cidade rica”, Anápolis desperta, e atrai, naturalmente, pessoas de várias partes do Estado e do País. Algumas delas, delas, mal intencionadas, predispostas a atuarem no mundo do crime.
Isso tem feito surgir, no decorrer dos últimos anos, alguns pontos de concentração de grupos criminosos.
Um deles é registrado na região da Avenida Brasil Sul, pontualmente no local denominado “setor dos motéis”, onde funcionam vária casas de encontros, bares e estabelecimento afins, cujo movimento maior é na noite/madrugada, notadamente nos finais de semana.
Mesmo com a ostensiva presença do policiamento, aquele setor continua a ser um dos mais problemáticos para a segurança na Cidade.
Outro local preocupante é corredor formado entre a Praça Abílio Wolney (Praça do Ancião) e a Estação Rodoviária.
A presença de grupos de moradores de rua, que têm, ainda, a infiltração de elementos nocivos, alguns condenados, outros fugitivos da lei, tem feito com que se multipliquem os casos de roubos, furtos, assaltos, agressões, lesões corporais e, até homicídios.
O intenso movimento de pedestres que frequentam um shopping do local, mais a passagem natural do Bairro Jundiaí para o centro da Cidade, são atrativos para tais agentes. Não são raros os registros de assédio e furtos/roubos consumados, além do tráfico de drogas naquela região.
E, a divulgação de novos investimentos públicos e privados, o que sinaliza a circulação de mais dinheiro e exercício de poder, continua a fazer de Anápolis uma “vitrine” para muita “gente de fora”. Inclusive grupos socialmente indesejáveis. Só que, não há como evitar.