Daqui a oito anos, exatamente em 2030, o excesso de peso poderá ter afetado 68 por cento dos brasileiros. Uma pesquisa/estudo denominada “A Epidemia da Obesidade”, feita por 17 pesquisadores de diferentes universidades, inclusive uma do Chile e publicada em janeiro último, mostrou que o Brasil gastou um bilhão e meio de reais com o tratamento doenças provocadas pelo excesso de peso e obesidade. Para o estudo, este problema coloca em risco o financiamento da saúde pública. Ficou para trás o tempo em que, equivocadamente, tinha-se como fator a se comemorar, crianças “gordinhas”, com dobrinhas no corpo e bochechas avantajadas. A ciência demorou, mas, finalmente, mostrou esse erro que durou décadas e foi tema para propagandas de remédios e gêneros alimentícios em geral.
Isto, porque o consumo de alimentos muito calóricos e, pouco nutritivos, gera ganho de peso entre as pessoas e impacta a saúde dos brasileiros. O índice da população com excesso de peso, no Brasil, passou de 42,6% em 2006 para 55,4% em 2019. Já o número de obesos saltou de 11,8% para 20,3% no mesmo período. As projeções para 2030 foram calculadas com base no ritmo de aumento desses indicadores na população brasileira. E, esse mau costume já se aplica no público infantil, pois as crianças são seduzidas pelas embalagens dos produtos, pela propaganda na televisão e nas redes sociais, pelas vitrines dos shoppings e estabelecimentos correlatos. Grande parte consome alimentos desnecessários e desaconselháveis, com a aquiescência (inocente, ou, não) dos pais. E, o que é pior: consome sem limites.
Antes disso, já existiam estudos e mais estudos que chamavam a atenção para este fenômeno social. E, um dos efeitos imediatos dessa anomalia é o aumento das Doenças Crônicas não Transmissíveis, como as cardiovasculares, respiratórias crônicas, cânceres e diabetes mellitus. É que, o acúmulo excessivo de gordura corporal está associado ao aumento no risco de morte para a maioria dessas moléstias. O Ministério da Saúde, via SUS, gastou, em 2019, seis bilhões e 800 milhões de reais com o tratamento dessas doenças e calcula-se que 22% desse valor (R$ 1,5 bilhão) podem ser atribuídos ao excesso de peso e à obesidade.
Assim sendo, a humanidade e, no Brasil não poderia ser diferente, está na contramão da história ao se deixar levar pela onda de propaganda e pela divulgação de alimentos “saborosos e nutritivos” mas, que, na verdade, são verdadeiras bombas de efeito retardado, que minam a saúde da maioria e a empurra para um caminho (quase sempre), sem volta. Precisamos, urgentemente, de uma reeducação alimentar, sob pena de constituirmos, num futuro muito próximo a “geração dos obesos”. Claro que não se prega o “terrorismo alimentar” em que (quase) tudo é proibido. Nada disso… O importante é saber o que faz bem e o que não faz. Quanto, quando e onde se comer.