A frase do título acima foi pronunciada pelo prefeito Antônio Gomide (PT), durante a Audiência Pública realizada na Câmara Municipal, na última terça-feira, 29, para a prestação de contas do segundo quadrimestre de 2009. Na ocasião, quando questionado pelo vereador Amilton Batista (PTB) em relação às reclamações da população sobre o atendimento do Programa de Saúde da Família (PSF), o chefe do Executivo fez questão de, publicamente, reconhecer que há deficiências e, mais do que isso, expôs o quadro atual que, em sua opinião, é um “dos grandes desafios que estamos enfrentando neste primeiro ano de governo”.
De acordo com o Prefeito, o que está ocorrendo agora é fruto de falhas que aconteceram no passado, com a criação de 46 Unidades do PSF, sem, no entanto, garantir que houvesse profissionais para cobrir a todas. Hoje, segundo informou ele, existem 31 Unidades do PSF, sendo que 20 delas estão completas e 11 incompletas. Ele citou o exemplo do bairro Recanto do Sol, onde há três equipes, mas somente um médico. “Temos, neste caso, um profissional sobrecarregado, que apenas despacha para outras unidades. Não é isso o que queremos”, enfatizou. Citou, também, o caso do Conjunto “Filostro Machado”, que é ainda pior: há três equipes, mas nenhuma dela com médico. No Parque Calixtópolis, também, há uma equipe sem médico.
Com relação aos médicos, Antônio Gomide observou que a questão vai muito além do salário. Ele reconheceu que o Município deve avançar no valor a ser pago aos profissionais. No entanto, disse que em várias cidades está-se usando o artifício de compensar o salário diminuindo a jornada de oito para seis ou, até, quatro horas. “Aqui, nós não vamos prostituir o Programa, porque não queremos correr o risco de perder os recursos do Governo Federal”, destacou, acrescentando que buscará, dentro do Plano de Cargos e Salários que está sendo entabulado, montar uma estratégia para que o aumento contemple, não unicamente os médicos, mas todas as equipes do programa. O Prefeito observou que não é justo contemplar uma categoria, deixando de lado, por exemplo, os auxiliares de enfermagem que prestam um serviço relevante e ganham pouco mais do que o salário mínimo. Um médico do PSF recebe em torno de R$ 6 mil.
Houve, nos bastidores, inclusive, uma proposta de se fazer um aumento para os médicos estabelecendo tetos. Essa proposta foi até confirmada pela vereadora Gina Tronconi (PPS), que é médica e atua na Rede Pública Municipal. Pela referida proposta, ao passar à segunda categoria do teto, o profissional teria um salário acima de R$ 12 mil, maior até do que o salário de prefeito. Gomide assinalou que estudará uma fórmula para que o salário seja um pouco melhor do que o de Goiânia, no intuito de atrair profissionais da capital. Mas – enfatizou – não abre mão da jornada de oito horas. Até para que o programa funcione da forma correta “e o PSF não seja apenas um remendo, pois não queremos perder o programa que é vital para a nossa população”.
Antônio Gomide adiantou que Anápolis conta com mais 12 equipes aprovadas pelo Ministério da Saúde. Mas não irá fazer esta ampliação, antes que os problemas existentes sejam sanados. “Poderíamos fazer isso para trazer os recursos, mas o que adiantaria se não vamos ter médicos. Não podemos enganar a população”, frisou. Ainda em seu desabafo, o chefe do executivo reconheceu as dificuldades para a realização de outros projetos na área de saúde, como a reforma dos postos de atendimento. Neste caso, ele informou que a partir de outubro será feita a licitação para obras em 42 unidades de atendimento da cidade. Além disso, citou que várias melhorias estão sendo feitas, também, no Hospital Municipal que, apesar das dificuldades, é ainda um referencial importante dentro do sistema de serviço público na saúde.
Investimentos
Segundo o secretário da Saúde, Wilmar Martins, que também participou da Audiência Pública, além da reforma dos postos de saúde, a Prefeitura de Anápolis tem outros projetos em execução, citando, dentre eles: a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), com investimentos na ordem de R$ 2,6 milhões do Governo Federal; a Unidade de Saúde da Mulher, cujo projeto básico está pronto; a Unidade de Saúde do Jardim Arco Verde/Setor Sul e o Centro de Diagnóstico Municipal, cuja licitação está marcada para oito de outubro.