União Europeia veta o uso do TPO em cosméticos e medida repercute no Brasil
A decisão da União Europeia de proibir uma substância presente em esmaltes em gel gerou impacto até mesmo no Brasil. Desde 1º de setembro, o bloco determinou a retirada de circulação de todos os produtos cosméticos que contenham TPO (óxido de trimetilbenzoil difenilfosfina), composto usado para garantir brilho intenso e secagem rápida nas unhas em gel.
O governo europeu justificou a medida com base em estudos que identificaram riscos preocupantes. Pesquisas apontaram que o TPO pode prejudicar a saúde reprodutiva, provocar infertilidade e até causar malformações em animais.
A União Europeia classificou o TPO como potencialmente “cancerígeno, mutagênico ou tóxico para a reprodução”. Com isso, incluiu o composto em sua lista de substâncias proibidas, que já reúne outros químicos ainda liberados no Brasil.
Embora nem todas as fórmulas utilizem o TPO, muitas marcas dependem dele para a polimerização — processo que dá ao esmalte em gel a textura semelhante à unha natural.
Especialistas defendem prevenção
Dermatologistas ressaltam que a proibição tem caráter preventivo. A médica Hannah Kopelman explicou ao New York Post que ainda não existem estudos robustos em humanos, mas os indícios já justificam a decisão de eliminar os riscos.
Desde a entrada em vigor, a norma obriga salões e distribuidores a descartar imediatamente os estoques de esmaltes em gel com TPO. O regulamento não prevê prazo de tolerância, e a venda ou uso desses produtos está terminantemente proibida.
Situação no Brasil
Enquanto isso, no Brasil, a Anvisa continua permitindo a comercialização do esmalte em gel. A substância segue regulamentada e não possui restrições específicas.
Para Ro Dutra, especialista em unhas em gel com mais de dez anos de experiência, o alarde em torno do tema é maior do que o risco real. Ela explica que os estudos analisaram ingestão em animais, algo distante da aplicação tópica em unhas humanas. Após a polimerização, o resíduo ativo se torna mínimo.
Dutra destaca ainda que os fotoiniciadores representam menos de 3% da fórmula e que a absorção pela unha praticamente não ocorre. Segundo a profissional, o maior perigo está em produtos falsificados ou aplicados de maneira incorreta.
Contradição no uso
Apesar da proibição em cosméticos, a União Europeia mantém a liberação do TPO em tratamentos odontológicos, como em obturações, onde o contato com o organismo é direto.
Para a especialista, a segurança depende mais da qualidade dos materiais e do cumprimento de protocolos do que da proibição em si. “Segurança se garante com materiais certificados e protocolos corretos, não com pânico desinformado”, afirmou.
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