Enquanto o Governo Federal aperta o cinto da economia, e enxuga despesas tidas como prioritárias (Educação, Segurança etc.), do outro lado, tem-se como certo que não vai faltar dinheiro para o custeio das eleições do ano que vem (prefeitos e vereadores). Pelo menos é o que está desenhado no relatório da Lei de Diretrizes Orçamentárias da União de 2020.
O relator, deputado Cacá Leão (PP-BA) apresentou, esta semana, a sua proposta, com a previsão da verba que será usada por partidos e candidatos no próximo pleito. Em 2018, foi R$ 1,7 bilhão alocado no Fundo Partidário. Para 2020, a perspectiva é de que os políticos tenham R$ 3,7 bilhões para fazerem campanha nas eleições. Mais que o dobro das eleições passadas.
Fica, assim, difícil entender a facilidade que os políticos encontram para arranjar dinheiro quando o benefício é para a sua categoria. A sociedade, por certo, ao tomar conhecimento de tamanha afronta, vai se indignar. Não há explicação para tanto disparate, tendo em vista a situação de penúria por que passam milhões de brasileiros. Enquanto isso, os chamados representantes do povo fazem a maior farra com o dinheiro que sai da bolsa popular, dos tributos e mais tributos que pagamos todo dia.
Estamos, ou, não estamos em um país de faz de conta? Se de um lado a sociedade é chamada para se sacrificar, para cooperar na recuperação econômica/fiscal do Brasil, ao abrir mão de muitos direitos, do outro, a insensata classe política se acha no direito de torrar montanhas de dinheiro em promoções pessoais, em campanhas caríssimas, bancadas pela ingenuidade popular. Como se não bastasse, passadas as eleições os vencedores vão ficar mais quatro anos no bem-bom, pagos com bons salários, também retirados dos cofres públicos. E, muitos dos que não se elegerem vão, também, ser contemplados com cargos por haverem participado das “campanhas vitoriosas”.
Se esses mais de três bilhões de reais que serão gastos em campanhas políticas no ano que vem fossem destinados à construção de creches, hospitais, rodovias e outros bens públicos, por certo, o proveito seria muito maior, não há qualquer dúvida. Mas, estamos longe dessa consciência. Enquanto isso, os aproveitadores vão se aproveitando fazendo da oportunidade, o oportunismo.