De simples bairro operário, ao maior complexo urbano do Município.
Uma história demais de sete décadas
Nilton Pereira
Vander Lúcio Barbosa
Há pouco mais de 72 anos foi inaugurado, em Anápolis, o primeiro loteamento planejado no Município. Inicialmente, para abrigar a cerca de mil famílias (e agregados) de trabalhadores da primeira fábrica de tecidos de Goiás, a “Companhia Goiana de Fiação e Tecelagem de Algodão”, que começou a funcionar, oficialmente, no dia 21 de julho de 1951, numa iniciativa da família Pina.
De lá para cá, a Jaiara nunca parou de crescer e, hoje, indiscutivelmente, é o maior aglomerado urbano de Anápolis e um dos maiores do Brasil Central. Estima-se que residam, hoje, no que se convencionou denominar “Grande Jaiara”, uma população que ficaria entre 120 e 150 mil moradores, maior do que as populações da maioria das cidades do Estado.
É que, em torno do núcleo Jaiara, gravitam quase duas dezenas de outros bairros, umbilicalmente ligados a ela. São setores como Nova Vila; Harmonia; Adriana I, Adriana II; Jandaia; Dom Felipe; Itamaraty I, II, III e IV; Dom Emanuel e Mônica Braga, dentre outros, cuja maioria dos moradores usufrui do que a Jaiara oferece.
Fatos históricos
Um dado curioso da Vila Jaiara é sua denominação. Ao contrário do que muita gente pensava (e, ainda, pensa) que se trata de um nome indígena (Tupi Guarany) na verdade é a junção de sílabas dos nomes dos dois filhos do engenheiro agrônomo Luiz Caiado de Godoy, que projetou o loteamento: Jairo e Yara.
A História de Anápolis revela que, com o crescimento socioeconômico da Jaiara, cresceu, também, sua importância logística. O bairro era, naturalmente, a porta de entrada para o Vale do São Patrício, com o surgimento da colônia Agrícola de Ceres (hoje municípios de Ceres e Rialma) projeto comandado pelo Engenheiro Bernardo Sayão. E, para o, então, Médio Norte Goiano.

Depois, veio a abertura da Rodovia Belém Brasília. Todo o tráfego para o Norte de Goiás e do Brasil, passava, obrigatoriamente, pela Jaiara. Foi quando se despertou o interesse comercial, com a abertura do primeiro posto de gasolina do setor (Posto Texaco), vindo, posteriormente, armazéns gerais; selarias; atacadistas; oficinas, lojas de tecidos, ferrarias e outros estabelecimentos.
A empresa têxtil, também, evoluiu e aumentou seu operariado. Depois ela foi vendida a outro grupo, passando a denominar-se Anatex e, anos após, Vicunha, quando a Jaiara experimentou seu mais importante ciclo de crescimento.
Nos anos 80, entretanto, a Vicunha foi desativada, o que provocou um grande baque na economia da Vila Jaiara e setores adjacentes. Entretanto, a região resistiu e, hoje, é ocupada por grandes, médios e pequenos projetos econômicos que substituíram, muito bem, a proposta original do setor, no que se refere à economia anterior.
Com isso, a “Grande Jaiara” é vista como o mais importante conglomerado de bairros (disputa com os conglomerados ancorados pelos setores Bairro de Lourdes, Vivian Parque e Recanto do Sol) de Anápolis e participa, ativamente, da força econômica do Município.
O que oferece
As pequenas casas de operários pioneiros da Vila Jaiara cederam lugar a imponentes edifícios. São vários condomínios verticais e horizontais, onde residem milhares de pessoas. Sem contar outros em plena edificação e que serão disponibilizados em curto espaço de tempo.

De igual forma, a Jaiara conta, hoje, com mais de uma dezena de escolas públicas (estaduais e municipais), muitas particulares, além de uma grande faculdade e outros projetos educacionais.
Na “Grande Jaiara” funcionam, ainda, aproximadamente, oito grandes supermercados, um sem número de pequenos e médios, comércios, além de agências bancárias, médias e pequenas indústrias, dezena de empresas prestacionais de serviços, quatro postos de combustíveis e um dos maiores shoppings da Cidade (Jaiara Shopping), com várias lojas de bandeiras consagradas nacionalmente.
É na Jaiara que fica, também, o principal núcleo do Serviço Social da Indústria (SESI), o Centro de Atividades Sociais “Branca de Lima Porto”, um dos maiores do Centro Oeste.
Também constam da paisagem urbanística da “Grande Jaiara” o Parque da Reboleira, um dos maiores em Anápolis; grandes avenidas em pista dupla (a principal, Avenida Fernando Costa, é a veia econômica do setor); dezenas de igrejas de diferentes credos; clubes de lazer; ginásios e campos de futebol, muitas clínicas odontológicas e de outros serviços de saúde, assim como uma infinidade de outros serviços.
Há quem diga que a “Grande Jaiara” seja quase que independente de Anápolis, tem vida própria e, ainda, é fator gerador de tributos, mão de obra e serviços para grande parte da população anapolina. Todavia, mesmo com esta evolução toda, ainda é possível deparar-se com alguns traços arquitetônicos e vestígios da “vila que virou cidade”.
Parabéns. Ótima matéria.
Muito bom o texto sobre a minha querida Vila Jaiara, sou de Coromandel MG mas moro em Anápolis GO desde criança, e na vila Jaiara, acho que as nossas autoridades deveriam olhar com mais carinho pela Vila que se tornou cidade, em especial pela lagoa do córrego da Ribuleira, pois daria um lindo local de lazer para a população da Vila Jaiara e bairros circo vizinhos.Geraldo Humberto Lopes da Vila Jaiara, com muito orgulho de morar aqui.
Parabéns aos autores, Vander Lúcio Barbosa e Nilton Pereira. Excelente matéria, com um criterioso levantamento histórico. Honra o jornalismo de Anápolis.