Para muitos meteorologistas, o principal responsável pelo cenário das chuvas fortes que causaram uma das maiores tragédias da história do Rio Grande do Sul, seria o fenômeno El Niño, que muda a temperatura da água do Oceano Pacífico o que desencadeia uma série de outros fenômenos climáticos.
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Mas, a resposta não é tão simples assim. De fato, o El Niño tem alterado o tempo e a temperatura em todo o mundo, em diferentes épocas. Mas, atribuir, somente a ele, a causa da dor e do sofrimento dos gaúchos é muito simplório. É sabido que esta condição é capaz de agravar momentos de chuva e calor, por exemplo. Mas, não é só isso.
E, a história recente mostra tragédias semelhantes e, até, mais graves do que a que vivem os moradores do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Por exemplo, entre os dias 11 e 12 de janeiro de 2011, na região serrana do Rio de Janeiro, cerca de 35 mil pessoas ficaram desabrigadas e a tempestade impactou 17 municípios. A se considerarem os desaparecidos, o número de vítimas fatais ultrapassou a marca de mil pessoas nas cidades mais atingidas pelas enxurradas que formaram um mar de lama. Oficialmente, foram 918 mortes. À época, a Organização das Nações Unidas considerou a tragédia como o oitavo maior deslizamento de terras dos últimos 100 anos.
Não para por aí… Em fevereiro do ano passado, no litoral norte de São Paulo as chuvas provocaram deslizamentos de terra e mataram 64 pessoas na cidade de São Sebastião. Em maio de 2022, a região da Grande Recife foi palco da maior chuva da história de Pernambuco, com cerca de 130 mortes. Em uma semana, o acumulado foi de, aproximadamente, 500 milímetros. A intensa tempestade provocou deslizamentos, inundações de rios e afundamentos de terra.
Este relato destaca algumas tragédias no Brasil, fruto das agressões à natureza. Eventos como temporais, enchentes e furacões são reações naturais às agressões humanas. O desafio humano à natureza é fútil; ela é indomável. A ocupação descontrolada do espaço natural, com construções em locais impróprios e intervenções nos cursos dos rios, frequentemente resulta em tragédias.
A humanidade precisa aprender a conviver com a natureza ou as tragédias persistirão, causando dor e sofrimento. Não há garantias de que tais eventos não se repitam com consequências ainda mais graves. A busca por modificar a geografia e desafiar a natureza apenas perpetua o ciclo de desastres.
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