Em uma cerimônia emocionante, a União Literária Anapolina celebrou na noite da última quarta-feira, 15, a posse de Maria Rodrigues Di Clemente como membro da Academia de Letras de Anápolis (ALEA), reconhecendo sua contribuição singular à literatura e à cultura de Goiás. Diante de familiares, amigos e admiradores, a escritora foi homenageada por sua resiliência e talento, que a levaram a superar desafios e a se tornar uma referência na literatura goiana.
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A eleição para a cadeira número 27 da ALEA, cujo patrono é o bibliógrafo, dicionarista e jurista Mário Ribeiro Martins, é um marco na carreira de Di Clemente. Seus livros, como “Xica e sua Trajetória”, “O Mergulho Secreto” e “Segredo de Lolita”, são apenas algumas das obras que compõem seu legado literário. A cerimônia de posse foi também uma celebração da alma poética de Di Clemente, que aos 83 anos, continua a encantar e inspirar novas gerações. A homenagem culminou com um haicai, simbolizando a essência de sua jornada: “Cozinha o poema / Deixa a panela queimada / Di Alma lavada”.
Guerreira
Segundo o depoimento das filhas, Maria Rodrigues Di Clemente é uma mulher cuja vida é um testemunho da força da literatura. “Ela traz consigo não apenas um repertório de obras que enriquecem o cenário literário, mas também uma história de superação e determinação” disse a servidora judiciária Lina Di Clemente, uma delas. A professora Dora Di Clemente lembrou que “desde cedo nossa mãe enfrentou adversidades que moldaram seu caráter e sua escrita. Casada jovem e confrontada com o machismo estrutural, ela não se deixou limitar pelas expectativas sociais”.
Na solenidade de sua posse, o impressionante currículo da nova acadêmica revelou a jornada incansável em busca de conhecimento. A professora e escritora homenageada acumulou títulos em Pedagogia e Geografia, além de especializações em Administração e Supervisão Escolar, e Geografia Agro Urbana.
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A inspiração de Di Clemente, conforme relatou a escritora Simone Atayde, “muitas vezes surgia em momentos inusitados, como enquanto preparava refeições para a família. Seus poemas, nascidos entre panelas esquecidas no fogo, refletem a urgência de uma voz que busca ser ouvida”. Já o escritor José Fábio da Silva, presidente da Academia, comentou em seu discurso que “Carlos Drummond de Andrade, poeta maior da literatura brasileira, já dizia que o talento que tem que vir ao mundo brota, nem que seja à força, e Di Clemente é a personificação dessa máxima”.
Resiliência
Com muita humildade, mas também muita alegria, Maria Di Clemente disse ter recebido a notícia com surpresa. Ainda se recuperando de um incidente com abelhas, onde foi picada por cerca de 500 delas, a escritora estava frágil. “Estive na UTI durante as últimas semanas, por isso estou fraca. Mas isso passa. É preciso encarar as dificuldades da vida com resiliência”, disse ela. Sorridente, fez questão de ler o juramento e assinar o termo de posse. “Estou muito emocionada de ter chegado até aqui e feliz de ser motivo de inspiração para a minha família e em especial para as mulheres que ainda lutam para conquistar seu espaço na sociedade”, conclui.
Entre os presentes, a opinião era uma só. A de que a entrada de escritora e professora Di Clemente a ALEA não é apenas um reconhecimento de sua obra, mas também um testemunho da literatura como força transformadora. “Sua história é um convite para que todos reconheçam o poder da palavra escrita e a importância de perseguir os sonhos, independentemente dos obstáculos”, resumiu a neta Nicole Di Clemente, que também acompanhou a cerimônia.