A vida é feita de coincidências que não podemos prever, lembro-me que no mesmo dia em que foi divulgada a edição 2024, da Pesquisa Retratos da Leitura, eu estava numa escola em Bogotá, capital da Colômbia. Enquanto lia pelo celular, uma frase, escrita dentro da biblioteca do colégio Luís Carlos Galan Sarmiento, me chamou a atenção: “Leer te libera”.
A escrita e a leitura foi e continuará sendo a invenção mais extraordinária que a espécie humana produziu nessa aventura hominídea na Terra. No entanto, estamos lendo cada vez menos. Coordenada pela socióloga Zoora Failha, a pesquisa mostrou que, pela primeira vez desde o início da série histórica, o Brasil tem mais não leitores do que leitores.
A pesquisa ouviu mais de 5000 mil pessoas, em 208 municípios, ainda no primeiro semestre de 2024. Breves considerações. A escola perdeu o protagonismo no incentivo à leitura. O Brasil perdeu 11 milhões de leitores de 2015 para cá. Foi na faixa dos 05 a 10 anos, o grupo etário que o país mais perdeu leitores, 53% dos entrevistados apontaram que não haviam lido nem mesmo parte de uma obra, nos últimos três meses.
A pergunta mais significativa da pesquisa, para compreender o porquê de o país perder leitores, foi questionar: o que as pessoas fazem no tempo livre? A resposta foi o uso da internet e redes sociais. As novas tecnologias se tornaram mais atrativas do que a leitura de um livro.
Isso explica em parte a queda no número de leitores; outro fato foi o desinvestimento do Estado no fomento à leitura. A construção de bibliotecas públicas foi abandonada pelo Estado. Mães ou responsável do sexo feminino são as principais incentivadoras da leitura. As classes A e B são as que mais leem. Mesmo a classe média ampliada tem lido pouco. Tudo isso reflete no alarmante número de 20% dos leitores sem capacidade analítica para a compreensão de um texto.
Precisamos retomar a nossa capacidade de produzir leitores, pois estamos perdendo junto com esses milhões de leitores a nossa humanidade. Harold Bloom dizia que “a tradição literária é simplesmente o melhor do que já foi produzido pelas pessoas mais inteligentes que já viveram.” E estamos perdendo isso. Cada um de nós pode contribuir para a promoção da leitura, seja incentivando amigos e familiares a lerem, participando de projetos de leitura ou simplesmente dedicando um tempo do dia para se conectar com um bom livro. E falando em um bom livro, qual foi o seu livro favorito?
Edergênio Negreiros Vieira é escritor.
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