
O mercado automotivo brasileiro sempre foi um ambiente desafiador para fabricantes de veículos automotor. Ao longo das últimas décadas, diversas marcas entraram, cresceram rapidamente, mas deixaram o país de forma abrupta, e, em muitos casos, sem oferecer ao consumidor o suporte básico após sua retirada. O resultado foi previsível: proprietários abandonados, oficinas despreparadas, escassez de peças e uma enorme desconfiança generalizada.
Agora, muitas dessas marcas estão retornando ao Brasil com novas estratégias, produtos modernos e ambições renovadas. Mas surge a grande dúvida: será diferente desta vez? Permanecerão? Respeitarão o consumidor? Criarão redes sólidas de pós-venda? Trarão peças de reposição com regularidade? Treinarão equipes técnicas adequadamente?
O histórico recente mostra que essas respostas precisam sempre ser analisadas com cautela. O consumidor brasileiro, mais informado e exigente, também começa a refletir melhor sobre o risco de adquirir produtos de marcas com idas e vindas constantes. Afinal, comprar um carro envolve investimento alto, manutenção contínua e necessidade de suporte técnico por muitos anos.
Para entender esse cenário, basta observar dois exemplos emblemáticos, de empresas que ainda estão no mercado: Peugeot e Citroën. Durante muito tempo, essas marcas francesas vem sofrendo forte rejeição no mercado de usados. Revendas evitam tê-los em estoque e consumidores demonstram receio em adquiri-los. O motivo? Para muitos, a resposta é óbvia: trouxeram veículos com tecnologia avançada demais para uma rede de serviços que não estava preparada para atendê-los.
No entanto, a questão vai além disso. Os carros eram atraentes, modernos e bem equipados. O problema central residia não somente na tecnologia, mas na falha estrutural do pós-venda: oficinas sem treinamento adequado, pouquíssima disponibilidade de peças, falta de comunicação com o consumidor e inconsistências na rede de concessionárias. O resultado foi a perda da confiança do mercado — algo que leva anos para ser reconstruído.
Atualmente, essas marcas continuam a oferecer veículos bonitos, tecnológicos, espaçosos e com custo benefício bem convenientes, mas, será que já começaram a respeitar seus consumidores? Será que o pós vendas está preparado para um volume maior de veículos? Pelo que parece ainda não. Os processos internos, a falta de peças, o turnover exagerado, a falta de atenção ao cliente, são algumas das reclamações que persistem com as marcas. A lição é clara: tecnologia por si só não sustenta marca alguma, respeito ao cliente sustenta.
À medida que outras montadoras retornam ou estreiam no país — principalmente marcas chinesas em expansão acelerada, essa reflexão se torna ainda mais importante. O consumidor precisa analisar não apenas preço, design ou tecnologia, mas a solidez do pós-venda. E as marcas, por sua vez, precisam entender que conquistar o Brasil exige muito mais que um bom carro: exige compromisso de longo prazo.
Quando a vontade de comprar um veículo bater à sua porta, pesquise nos sites de reclamação. Eventualmente, bons preços significam dores de cabeça no futuro.
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