Estava lendo nesta semana sobre um estudo realizado pela Salesforce sobre a expectativa das pessoas a respeito do futuro do trabalho e como o assunto mudou com a pandemia da covid-19. A companhia especializada em soluções de CRM levantou a opinião de mais de 20 mil pessoas em 11 países, entre eles Alemanha, Estados Unidos, Canadá, França, Japão, Índia e Brasil. No nosso país, 2 mil pessoas foram entrevistadas.
Segundo o estudo da Salesforce, 52% dos Brasileiros entrevistados dizem que trocariam de emprego se isso significasse que poderiam trabalhar remotamente. Entretanto, 71% dos brasileiros ouvidos acreditam que o trabalho remoto é viável apenas para uma parcela da população e 57% dos trabalhadores presenciais afirmam que conseguiriam desempenhar suas tarefas à distância caso a empresa oferecesse uma tecnologia melhor.
Se antes da pandemia, o home office parecia ser uma possibilidade distante para a maioria das organizações, a modalidade se tornou padrão quase que da noite para o dia, exigindo maiores esforços de todos os envolvidos nas organizações. Agora, o que era alternativa pode ser um diferencial na contratação de talentos.
As pessoas perceberam que é possível fazer mais com menos, e quando digo “menos” são menos recursos, menos pessoas e o melhor, e mais interessante, menos tempo. Vimos empresas inchadas, órgãos públicos cheios de trabalhadores fantasmas. Ou mesmo aqueles que trabalhavam de forma presencial procrastinando suas atividades para falsamente apresentar produtividade.
No ambiente público então é fácil observar essa realidade. Pessoas exigindo uma semana inteira para desempenhar um trabalho que poderia ser feito em duas horas e seriam suficientes. Ou até um trabalho que poderia ser remoto. E mesmo assim, não deixaria de ser competente.
Não tem como ser uma empresa competitiva se não investir em talentos. A capacitação dos funcionários em direção ao futuro do trabalho – cada vez mais digital – se mostra como diferencial competitivo para as organizações. A capacitação seria a chave para o crescimento e superação. As empresas que enfrentaram melhor o processo de isolamento social, prepararam suas equipes para lidar com um novo contexto, ferramentas e processos digitais. Sem novas habilidades, não há perspectiva positiva.
O certo é que validamos um período de laboratório. Os testes começaram, já existem várias empresas que estão oferecendo parte do tempo de serviço com opção home office. O que seria futuro, já é agora. Você pode pensar que o principal protagonista dessa mudança é o trabalhador, mas o que a pesquisa mostra é que 75% das pessoas acreditam que o desenvolvimento da força de trabalho deve ser uma prioridade das empresas e 77% deles dizem que a tecnologia deve desempenhar um papel essencial nesse processo. Muitas empresas ainda esbarram em questões como acesso à internet e a um computador, além dos custos com cursos para lidar com recursos tecnológicos.
É importante que você empreendedor entenda que o tempo urge e que você é um agente da mudança no trabalho. Já se passou um ano desde que o formato de trabalho mudou, é preciso avaliar o que funcionou e o que não funcionou e desenhar essa nova configuração. Oferecer infraestrutura, alinhar expectativas dos trabalhadores e reorganizar no entendimento que o segredo da mudança não é focar toda a energia lutando para se ter de volta o que um dia foi, mas sim construir um novo futuro no seu ambiente trabalho.