Por Vander Lúcio Barbosa
O policial militar goiano está entre os melhores do mundo. Isso no quesito raça e determinação. Ele precisa dessas qualidades se quiser se equiparar às demais forças do globo. Para estar na elite, ele compensa evidentes deficiências da corporação sendo autodidata e tirando do próprio bolso os recursos necessários para adquirir tecnologia e treinamento.
Apesar de ter melhorado muito nos dois últimos anos, o Estado ainda está longe de fornecer o aparato necessário para apoiá-lo nesse grau de excelência.
Faltam investimentos em inteligência artificial, formação profissional, apoio psicológico, equipamentos de ponta; armamentos modernos; aparelhamento de comunicação e, sobretudo, treinamento com especialistas com conhecimentos do que existe de mais avançado no mundo.
Lázaro veio para expor a fragilidade técnica por trás dos nossos honrados homens e mulheres da Polícia Militar, que se desdobram para compensá-la. Isso porque o “mateiro” também provou ter raça e determinação, só que para a prática do mal.
O preço da liberdade é a eterna vigilância. Não bastam atos de bravura e que nossos policiais estejam dispostos a dar a vida pela sociedade. O Estado não pode subestimar a capacidade dos criminosos. Os bárbaros, facínoras, psicopatas, os destemidos que não têm nada a perder surgem todos os dias, aprimorando seus “modus operandi”. De modo geral, sempre um passo à frente do que o bem pode prever.
É que, diferente de nós, o mal não descansa. Não tem esse privilégio. No momento em que escolhe o caminho das trevas, o marginal será sempre perseguido pelos justos. Sem trégua. Isso o obriga a dormir com um olho aberto, a se superar, a endurecer seu coração, a sufocar sua misericórdia, a não desperdiçar seu tempo. Até porque ele sabe que vai ser pego a qualquer momento. Por isso, suas práticas são intensas, como que a compensar a vida curta que terá.
Lázaro será encontrado. Confio na polícia. Mas suas estratégias protelatórias são um alerta para que o Estado deixe sua zona de conforto. Não sou eu que estou dizendo. São os fatos. Já passam de 10 dias de buscas sem sucesso. O esforço humano dos policiais tem sido exemplar. Mas isso não é suficiente.
E que fique bem claro. Existem centenas de Lázaros assistindo à essa jornada. Malfeitores que comemoram cada dia a mais da liberdade de seu par e que sentem-se mais motivados a peitar o bem. Não podemos deixar isso acontecer. Meu desejo é que uma reviravolta ponha fim à essa exposição negativa dos nossos militares e que o Estado entenda que ainda há muito o que se fazer para que Lázaros não comecem a ressuscitar por todos os lugares de Goiás.