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O misterioso mundo do sexo na Avenida JK

de Henrique Morgantini
29 de agosto de 2009
em Geral
Reading Time: 13 mins read
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Avenida JK à noite: o comércio do sexo proibido

Avenida JK à noite: o comércio do sexo proibido

O Monza azul deixa claro, mesmo no escuro daquela noite, que já viveu – ou rodou – em dias melhores. Com pintura disforme, descascada, e muito combalida, o veículo, que já foi símbolo de status na década de 80, hoje se destaca pela má conservação, que lhe confere muito mais o símbolo de sucata. A visão, para um nostálgico amante de carros, traz saudade e pena, como se do veículo pudessem sair reminiscências de uma época que já não volta mais. Muito menos por intermédio daquele Monza parcialmente azul. Reminiscências que saem, pessoas que entram.
Enquanto apenas uma de suas fracas lanternas se acende indicando precariamente que o carro está prestes a parar, é possível pensar o que mais pode ter acontecido, entrado e saído, daquele veículo. Mulheres, sonhos, crianças que hoje já são adultos e nem mesmo se recordam o que passaram dentro daquele automóvel. Esta mini-novela se esvai no calor da noite e o carro para. Encosta numa das esquinas da Avenida JK, altura do Bairro Jundiaí Industrial, em Anápolis. E quem está prestes a entrar naquele auto nada tem a ver com a mini-novela bucólica dos tempos áureos e perdidos do que sobrou daquele Monza azul.
A figura rebolante que se projeta através da janela lateral do passageiro é uma miragem perturbadora sob a luz amarela do poste de rua. Observada a sua aproximação pela parte traseira do carro, é possível mesclar a imagem amarelada daquela criatura cheia de uma lascívia confusa, os ombros largos, uma micro-saia inversamente proporcional ao tronco, tendo como cenário de fundo uma esquina perdida, escura, de uma rua perpendicular à Avenida JK. Mais à frente, a luz que vem emanada pela nova sede do Samu, na mesma avenida, dá à criatura uma aparência ainda mais surreal. Ela brilha amarela no asfalto enquanto por detrás daquele corpo disforme chega aos olhos outra claridade, branca e fraca, como um holofote de luminosidade fraquejada.
A diva do asfalto, comportando-se como uma miss torta, deixa a alça da bolsa escorregar por sobre o ombro esquerdo e antes que ela caia rente ao carro, suas mãos grandes e de veias saltadas a seguram. É um movimento rápido e habilidoso, mas que é feito a extrema naturalidade de quem está instintivamente treinada a realizar aquele malabarismo.
Enquanto este número acontece, o braço direito se apóia na borracha carcomida do automóvel e um curto diálogo acontece. A messalina-transex sorri e mexe os cabelos girando agressivamente o pescoço como se neste movimento ganhasse pontos com o interlocutor que a aborda ali, na rua. Passam 15 minutos das nove da noite e em menos de 30 segundos de conversa, ela entra no carro.
O veículo ameaça seguir asfalto acima na avenida, mas a musa contratada da noite tem dificuldades em fechar a porta. Por duas vezes o carro acelera e freia o que faz pensar, pelo ruído do motor, que a cada arrancada frustrada é um naco de vida útil que o automotor deixa para trás. A sombra do motorista se projeta para o lado do passageiro e sua mão se estende no suporte da porta do carona. Uma força desproporcional é depreendida e a porta se fecha como se o carro inteiro pagasse por aquela situação. A porta finalmente se encaixa.
O veículo avança pelo asfalto escuro e a luz amarela segue a iluminar o nada como num palco de rua em que os personagens saem de cena e somente a luz permanece em desperdício. Fim do ato, início de programa. Mais na rotina lasciva e noturna da Avenida JK, Anápolis, reduto da prostituição homossexual da cidade.

Vaidade
Everton acorda tarde. Quando acorda ainda cedo, que segundo ele acontece pelas 10h30 da manhã, ainda dá tempo de tomar o café da manhã. Gosta de comer requeijão puro, direto do copo de vidro, acompanhado de café preto. “Pão engorda demais, todo mundo sabe”, ensina. Natural da Bahia, “uma cidade perto de Vitória da Conquista”, ressalta, o rapaz traz um forte sotaque nordestino que com a simplicidade das palavras que usa ao conversar e sua claudicante dicção, torna a compreensão das frases um desafio aos seus possíveis ouvintes.
Aos 23 anos, o baiano prefere mesmo acordar por volta da uma da tarde. E justifica com uma estratégia econo-gastronômica. “Se eu acordo na hora do almoço, já como logo e economizo o café da manhã e ainda não engordo. Manter este corpo é duro, sabia?”, explica. Vindo de uma família desestrutura na qual ele não chegou a conhecer a mãe, morta logo após o seu nascimento de causas que ele desconhece, Everton viu em um casal de irmãos mais velhos o seu espelho para a vida.
Logo aos 13 anos, depois de muitas idas e vindas à sua casa, com direito a boas passagens por conselhos de menores, juizados e intensa vida noturna entre crianças de rua, o pré-adolescente levou uma surra do pai, item figurativo durante toda a sua vida de então, e resolveu sair definitivamente de casa. “Ele me batia porque eu parecia uma mulher mesmo. Isto incomodava a ele. Mas eu apanhei de todo mundo. Na rua todo mundo queria me bater. Acostumei-me, mas não aceitava, entende?”.
De carona, ou vendendo o corpo em troca de viagens, curtas ou longas e, claro, em troca de alimentação, o baiano tinha a intenção de chegar a São Paulo. Depois de muitas baldeações e trocas de itinerários, chegou à Capital Federal em 2006. “Não gostei. Ficava com a pele ressecada, meu nariz sangrava à noite e uma vez quase estraguei um ‘pograma‘ por causa disto”. Há um ano conheceu “o paraíso” que, na sua visão, atende pelo nome de Anápolis. E mais especificamente a rua onde costuma passar grande parte do seu tempo: a Avenida JK, no Bairro Jundiaí. Distante pouco mais de duas quadras de sua casa (um quarto nos fundos de um comércio que atende a caminhoneiros e que ele divide com mais três colegas de profissão noturna), é na Avenida JK que o rapaz passa grande parte do tempo. “Às vezes venho aqui para andar mesmo durante o dia. O sol ajuda porque deixa marquinhas. E mesmo durante o dia tem quem passe e queira dar um ‘passeio‘ com a gente”, revela.
Demonstrando intensa vaidade e inacreditável orgulho em ostentar o que em seu discurso parece ser um corpo de deusa grega, Everton se assemelha a uma caricatura feminina das mais empenhadas a parecerem grosseiras e risíveis. Talvez por ele mesmo saber disto, faz questão de reafirmar o quanto é cuidadoso com seu objeto de trabalho. É como se a cada elogio que se fizesse, ele conseguisse mudar a realidade que enxerga no espelho.
O fato é que, como homem, Everton tem uma envergadura e um fenótipo um tanto quanto acanhados e sem muita proximidade com qualquer traço aceitável ou desejável pelas mulheres. Já como mulher, Everton é pavoroso sob todas as formas. É como se como homem ele pudesse ser considerado feio para grande parte das analistas femininas de visão comum e mediana, focada nos modelos da TV e das revistas em geral. Só que como o arrazoado de mulher que o jovem se projeta todos os dias pela noite, ele parece uma figura deformada, vítima de algum tipo de alteração via fórceps ou coisa parecida.
Mesmo evidenciando uma magreza etíope, em tese uma cobiça eterna do universo feminino, a desproporcionalidade do rapaz em suas formas e trejeitos ao se caracterizar como um clone da Vênus, leva seu projeto ao fracasso imediato. Bastar pousar os olhos por sobre o rapaz para sentir repulsa por aquela imagem perturbadora. Não por quaisquer preconceitos ou discriminação, mas o fato é que o resultado visual originado desta metamorfose falha. E muito.
Na noite, quando caracterizado, o tempo todo se corrige diante de um pequenino espelho de suporte plástico vermelho, que carrega na bolsa. “Bolsa de mulher é assim” – solta o travesti num golpe de lugar comum, mas esbanjando afinidade com o modelo feminino. Mas mesmo assim o orgulho toma conta do jovem travesti baiano Everton.
“É Layla”, conserta ele, depois de “montado” e pronto para a noite. “E com y, tá?”, acrescenta, também mostrando singular vaidade e preocupação com o “nome de guerra”, termo, aliás, que tanto ele como – garante – também seus colegas, rechaçam. “Somos do amor e da paz. Não da guerra”, compara.
É este mix de “Everton-Laya” quem, depois de muito charme e projeção quase dentro do Monza azul carcomido, entra veículo adentro. Nas contas do travesti, naquela terça-feira, por volta das 21h15, aquele era o terceiro programa da noite. Mas este é um dado ampla e naturalmente questionável. Não é possível dizer se de fato outros dois veículos pararam corajosamente como o Monza azul ou se “Layla” relata a estatística em clima de confissão para, na verdade, parecer mais cobiçada pela clientela do que realmente o é. Na dúvida, uma realidade, dentre as tantas imaginadas e projetadas pelo jovem michê, é factual: Layla entrou de fato naquele Monza naquela noite, às 21h15.

Dentro do carro
Em 25 minutos exatos, pontualmente às 21h40, Layla reaparece. Não desce de um carro – nem do mesmo que a carregara – nem mesmo é vista descendo ou subindo a rua. Diferente de como deixou o palco de luzes amareladas, ela ressurge. “Vim andando. Ele quis no carro. Não faço isso porque tenho medo das polícia (sic), mas como rolou um dim-dim (dinheiro) a mais, eu topei. Bom que é rápido”, explica o travesti em sua lógica prática. O dim-dim a mais, neste caso, somaram exatos R$ 5. O preço do risco.
E esta prática de fazer sexo com homens dentro de seus carros é muito mais comum do que imagina quem somente passa pela Avenida e confere, diariamente, as dezenas de pseudo-divas-transex que se quase acotovelam a cada esquina. A pouca fiscalização das ruas transversais à avenida e a própria característica habitacional da região, repleta de armazéns e pontos comerciais, facilita a ação do “motel sobre rodas”. Há poucas pessoas para transitar e incomodar os homens que buscam momentos rápidos de prazer proibido pela noite escura da Avenida JK.
É sempre muito rápido, explicam os travestis, deixando subentendido que quem busca este tipo de relação intima foge do ideário romântico da prostituição heterossexual, na qual o homem muitas vezes busca, além da satisfação sexual, também uma companhia, uma conversa, ou mesmo uma figura feminina para ter ao seu lado. As mulheres de mentirinha daqui, não. São figuras grosseiras que nem mesmo na penumbra se passam por mulheres e estão à disposição dos homens para uma única coisa: o prazer físico, o orgasmo proibido.
“Tem gente que vem e não diz nada. Só pergunta preço e quando a gente entra no carro já quer ‘resolver‘ tudo ali”, diz um colega de Layla que nem mesmo mentir o nome “de rua” quis. Sem ser identificado, ele/ela relata a pressa dos clientes e suas preferências. O resultado final da observação feita a partir destes relatos é que o prazer naquela região da cidade, além de homossexual em todas as suas possibilidades, é uma forma fugaz de satisfação. O “fastfood” do gozo, num trocadilho infame, direto, mas extremamente adequado àquela realidade.
Esta ligeireza também pode ser justificada pelo constrangimento da culpa em estar com um homem vestido de mulher. Afinal, o perfil do cliente médio da região é casado. E com um detalhe interessante e que desperta razões para diversas teorias: a esmagadora maioria está alcoolizada quando procura os préstimos de Layla e suas colegas.
Possivelmente o álcool agiria como um princípio reativo que atuaria na liberação do desejo homossexual destes homens. Não um indutor, mas um agente “liberador” das vontades presentes em suas mentes e escondidas por seus medos e temores sociais, familiares, religiosos e de demais naturezas restritivas.
Sóbrios, são seres sem coragem para admitir curiosidades e desejos, mas uma vez sob o efeito de alguma substância que o altere do estado normal, se tornam suficientemente dispostos a encarar medos, tabus e experimentarem suas fantasias.

Trinta a sessenta reais
Layla recebe antes pelo programa, que é previamente combinado. Acha que, com isto, evita confusões. Tanto ela quanto grande parte de suas colegas de “profissão” noturna se dizem cansadas de levar golpes depois de realizado o programa. “Somos ameaçadas com tudo. De revólver a chave de roda e aí, não tem como receber mesmo”. “Não adianta chorar pelo leite derramado”, emenda outra parceira da noite de Layla e companhia, que ri, mostrando em suas feições a satisfação pela sua perspicácia em soltar uma “tirada genial” na forma de um trocadilho sexual e infame.
Se houver uma programação mais extensa, envolvendo ida a algum hotel ou motel, o que implica diretamente em mais tempo consumido, o preço, dizem eles, podem alterar, mas o valor tabelado do asfalto da JK pelo passeio sexual rápido, dentro do carro, gira em torno de R$ 100. “A pedida é essa, né”?
E isto de dizer “a pedida” revela um truque clássico e manjado do comércio tradicional. Pede-se um valor acima do mercado ou desproporcional ao que vale a mercadoria para, enfim, depois de uma negociação fajuta, o cliente pagar o preço “justo” que faz com que ambas as partes saiam satisfeitas. No caso do comércio tradicional, quem paga por algo depois de pechinchar, mesmo que ainda pague o preço justo de mercado, sai com a sensação de que fez um grande negócio ao conseguir o desconto já programado pelo vendedor.
E no mercado do prazer proibido da Avenida JK, qual é a sensação? “A mesma”, todas respondem. O indivíduo que se entrelaça às “mulheres com algo mais” dentro de seus carros ou em quartos alugados pelas redondezas também discute preço, negocia, e – dizem – também sai extasiante quando consegue um desconto especial. E o tal desconto especial é bem maior que o preço real que vale, para cada profissional da noite, o programa.
A realidade financeira sobre o asfalto escuro no quadrilátero que compreende a nova sede do Samu e alguns armazéns de fachadas coloridas varia de R$ 30 a R$ 60. E esta variação não se dá exatamente pela qualidade da personificação da “boneca” gíria usada pelos travestis para se definir.
“É que depende do tipo de serviço que eles querem”, alerta uma loira de cabelos fartamente anelados, quase que parecendo terem saído, de fato, da linha de produção de alguma fábrica de brinquedos. É um emaranhado brilhante, muito semelhante a náilon e assume tamanho volume que a peruca parece ter somente uma função: destacar que aquilo é, mesmo, uma peruca.
A criatura se antecipa na resposta sobre o tal “serviço” para, logo depois, explodir numa gargalhada nefasta. Uma risada debochada, possuída, de quem mais do que achar engraçado o que diz, sente-se debochando de seus clientes. É como se sentisse necessidade de rir daqueles que, ao desprezar seus dotes e cuidados para tornar-se feminina, insistem e pagam mais caro para que ela atue como um homem com eles. A risada é um deboche pela afronta de não ser vista como mulher e “forçada” a ser homem… com outro homem.
E é ela, aquela figura embonecada e que ri como uma pomba-gira, a mais feminina dentre todas as presentes naquela terça-feira. Mesmo assim, sob a luz amarela dos postes, sobressai na superfície do seu rosto uma espessa mancha azul de barba. Os pelos destacam-se na noite e a voz que escorre da boca como um miado denuncia a precariedade daquela metamorfose sexual.
Em resumo prático, como bem prática é a vida daqueles homens de vestidos, saias e tops, com pernas grossas, masculinas, de fora, se equilibrando em saltos finíssimos e usados somente pelas mais audaciosas das mulheres de verdade, os preços variam pelo tipo de ato sexual. Ao assumir posições passivas, o preço é mais em conta porque consideram esta ação mais fácil de ser executada.
Para serem ativas na relação, o preço até dobra. Precisam de uma ereção e são, intimamente, forçadas a uma situação curiosa: a de inverterem o já invertido papel que estes travestis assumem perante a sociedade. Se eles se esforçam para serem homens-mulheres, ao serem requisitados para se tornarem objetos ativos do ato sexual, eles voltam a se tornar mulheres-homens. E o preço por esta “violência” ao conceito invertido que eles adotaram para si, claro, há de ser maior. É o avesso do avesso do avesso do avesso.

E a vida segue
Em esparso momentos passam uma viatura da Polícia Militar. O veículo pouco se altera em seu ritmo de trânsito ao longo da avenida. Mesmo assim há quem dentre as “bonecas” se esconda como um felino magro, pardo e de rua, por entre as frestas de sombra entre os feixes amarelados que se esgueiram pela calçada. Não é possível afirmar se o disfarce às sombras é válido ou se os policiais de dentro de suas viaturas não se importam em ver os homens em suas roupas mínimas e gritantes, mas a verdade é que poucos são os incidentes envolvendo policiais e travestis naquela região.
A única razão para temor é ser flagrado em pleno ato ou mostrando uma ou outra parte mais íntima do corpo em plena calçada. Do contrário, a convivência é estranhamente – como quase tudo ali soa estranho – harmoniosa.
A média de programas para uma noite é de quatro saídas. Há quem afirme que já chegou a seis, o que não pode ser totalmente descartado, mas devido a uma série de variantes torna-se um pouco dificultoso de se acreditar.
De real, é que o movimento intenso da avenida, que dá acesso a uma das saídas principais do município, é otimizado por quem busca prazeres rápidos ou invertidos ou experimentações que variem do que estão acostumados a fazer com suas parceiras em seus lares. Ou todas estas alternativas juntas, dentro de um carro, em cerca de 20 minutos de “passeio”.
Ao ir se distanciando do grupo de “bonecas” que honram a gíria se postas ao lado, por exemplo, do personagem Chuck, de “O Boneco Assassino”, os componentes daquele bizarro e simpático grupo vão se separando, tomando seus postos enquanto se ajeitam como podem. Uns arrumam os seios, postiços, siliconados, turbinados com hormônio, ou mesmo silicone industrial, de forma confusa dentro de mini-blusas, outros armam o cabelo, dando ainda mais volume àquela argamassa de químicas diversas e cores berrantes. Por fim há aqueles que ajeitam seus corpos nos pouquíssimos panos que lhe cobrem e protegem da noite, mas os desprotegem para os olhos dos “consumidores” daquele tipo de opção que, fica sempre claro, é muito mais psico-sexual, do que exclusivamente sexual.
E então as luzes amarelas seguem iluminando aquelas figuras de forma difusa, dando a elas mesmas a impressão de estarem em um palco, sendo observadas e desejadas por todo o tipo de homens e mulheres que transitam pela região.
Everton-Layla, personagem-guia desta mini-epopéia ao circuito da prostituição gay anapolina se posiciona novamente e espera um outro Monza azul aparecer para uma nova aventura, uma nova e mesma jogada de charme capilar. O programa relatado neste texto, segundo ele, custou os normais R$ 30. Numa conta rápida, dá para comprar 10 potes de requeijão, objeto de desejo matinal do travesti “quando acorda cedo”, por volta das 10h30.
Enquanto o próximo cliente não vem, ele se apóia em um poste numa das esquinas para ajeitar a sandália com salto alto e fino, marca registrada de todos os seus colegas. Durante toda a conversa, Everton-Layla coçava e tentava ajeitar o mesmo pé de sandália, direito, que parecia ter a parte de trás, da alça, incomodando seu tornozelo grosso e esbranquiçado.
No tempo que faz este movimento de ajuste com uma das mãos, fazendo com que suas pernas façam o universal formato de um quatro, como um bêbado sob prova de sobriedade, aquela figura, que parece ter saído de um quadro de Miró ou Dalí, ainda consegue equilíbrio para desprender a outra mão que pegava apoio no poste e, com ela, envia um inocente e cordial “tchauzinho”, balançando teatralmente a mão, de forma um tanto quanto exagerada. Exagero que, ali, naquela passarela preta e amarelada, é – bem como quase todas as coisas – ao mesmo tempo proibida, justificada, compreendida e perdoada. Naquele asfalto, onde tudo é possível, não há o que se perdoar, porque não há culpa ou pecado de parte a parte. É o trato selado no escuro da noite amarela da Avenida JK, em Anápolis.

Explicando a matéria

Ao longo de sua história, o Jornal CONTEXTO sempre primou pela ética, pela imparcialidade e pelo respeito irrestrito a todos os setores da sociedade. Como todo bom jornalismo, não faz, absolutamente, qualquer restrição, discriminação ou adota preconceito em relação a grupos, instituições, comportamentos ou qualquer tipo de manifestação. Assim sendo, a matéria, brilhantemente assinada pelo jornalista Henrique Morgantini, abordando a questão dos travestis, figuras comuns em qualquer parte do mundo, não tem a pretensão de difundir, concordar ou discordar desse comportamento. Muito menos fazer qualquer tipo de julgamento, positivo ou negativo. É, essencialmente, um trabalho jornalístico, de informação, que oferecemos aos nossos leitores. Cada um, conforme estabelecem os preceitos da democracia e da liberdade, que tire a sua conclusão.

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