Grandes guerras não são ganhas por nomes imortais nem por generais, mas por soldados anônimos. Embora o nome dos generais seja gravado na História, as batalhas são ganhas com sangue, suor e lágrimas de diligentes guerreiros que, sacrificialmente, dedicam-se às duras tarefas e jornadas de trabalho.
Na semana passada, refleti sobre isso a partir de um texto bíblico que fala de uma menina anônima levada refém por Naamã, comandante do Exército no auge do domínio Sírio. Ela passou a servir como escrava na casa do renomado guerreiro. Nem sequer sabemos seu nome, mas ela é fundamental na narrativa.
Naamã, admirado como general, levava consigo uma sentença de morte, pois era leproso – como muitos heróis públicos -, frágil na alma, enfermo no coração e na mente. A menina percebeu a situação de angústia na casa de Naamã e embora estivesse na condição de escrava, que poderia ignorar o sofrimento daqueles que a submeteram à subserviência; sugeriu uma solução estranha: “Se meu senhor estivesse diante do profeta que está em Samaria, ele o restauraria da sua lepra.” Por causa de sua palavra, Naamã se encontrou com Eliseu, o profeta, e foi curado.
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O poder dos anônimos os tornam agentes transformadores. Fico pensando no valor de tantos que são quase invisíveis aos olhos da sociedade, mas que fazem a roda girar: limpam as lojas, lavam banheiros, cortam a grama, constroem casas, fazem reformas, servem o café, colocam graxa nas engrenagens e tornam a condição humana adequada.
São pessoas simples, que cotidianamente submetem-se a uma jornada de trabalho exaustiva para sustentar a família. Uma jornada sem a qual o bem-estar na rotina empresarial seria inexequível. Os anônimos são também produtores rurais de lavouras familiares. Eles plantam e colhem as frutas e os legumes que chegam às nossas mesas diariamente. Pessoas anônimas, mas valorosas, despercebidas por nós, presentes em todos os lugares. São verdadeiras formiguinhas em sua labuta diária.
Precisamos ter um olhar mais atento aos anônimos. Eles são indispensáveis não só pelo que fazem, pelo serviço que prestam, mas, acima de tudo, pelo valor intrínseco como seres humanos.
O cristianismo valoriza fortemente o indivíduo enquanto ser, já que todos foram criados à imagem e semelhança de Deus. Desse modo, o valor de alguém não está no que fazem, mas na dignidade essencial do ser humano. Os anônimos são esquecidos socialmente e muitas vezes desprezados, mas Deus não faz acepção de pessoas. Todos trazem em si esta bendita centelha divina e devem ser honrados.