Anápolis e o pioneirismo no “Martelinho de Ouro”. Conheça a história e a técnica

Irmão e filho comemoram liderança na restauração de veículos em oficina especializada . Um legado do pai, pioneiro na implantação da técnica, hoje muito difundida e apreciada por quem gosta de carro

Vander Lúcio Barbosa
José Aurélio Mendes

Quem nunca teve um arranhão ou mesmo um amassado no seu carro novinho e sentiu aquele aperto no coração? Afinal, o carro é nada menos que a extensão da nossa casa. Tanto homens quanto mulheres desenvolvem um sentimento quase afetivo por seus “companheiros de viagem”, ao ponto de ficarem tristes e deprimidos quando eles se “machucam”. Mas o que fazer quando isso acontece? Quem procurar é a quem confiar os cuidados necessários para que o veículo volte a ser como antes? E o mais importante… é possível que ele volte a ser como antes?

A resposta é sim. Existem bons profissionais em Anápolis capazes de devolver a forma anterior. Mas quando o assunto é perfeição, aí a coisa muda de figura. Alguns proprietários querem um serviço que não seja detectado por especialistas. É que um carro reformado perde valor de mercado e também é motivo de comentários de “entendidos” que percebem variações de cor e relevo na lataria e logo soltam um: “esse carro já foi batido”. Ou pior… dizem que ele já capotou. Por isso, quando o desejo do dono é ter um carro idêntico ao que existia antes do dano, sobram poucas opções no mercado.

Martelinho de ouro

É quase impossível que motoristas de Anápolis não conheçam o termo “Martelinho de Ouro”. O que podem não saber é que essa expressão foi trazida para Goiás há 30 anos pelo saudoso Bessa, o primeiro a aplicar a técnica no Estado. Com sua oficina, ao lado do viaduto sobre a avenida Amazílio Lino de Souza, no centro, consertou centenas de carros com um modo de trabalhar que se consagrou por deixar o veículo original, ou seja, como novo.

O slogan também grudou na mente das pessoas. “Seu carro novo de novo”. Muitos acabaram aprendendo as técnicas do martelinho de ouro, mas Bessa sempre foi o original. Infelizmente, ele perdeu a vida há oito anos, num acidente enquanto praticava seu esporte preferido, o parapente. Uma espécie de paraquedas que permite o ocupante voar. Na época da morte, além do pesar, ficou o sentimento de que a oficina não seria a mesma sem ele. Bessa era muito talentoso.

Mas hoje, não se fala mais nisso. O irmão dele, Divino Ailton de Jesus, de 37 anos e o filho, Carlos Eduardo de Jesus, de 35, reproduzem a mesma aptidão ao restaurar veículos. Talvez até melhor, já que aprimoraram técnicas e hoje dispõem de equipamentos muito mais avançados. “Bessa teria orgulho de ver como cuidamos do legado dele”, comenta “Divininho”, como Divino é mais conhecido. Segundo ele, com ferramentas adquiridas no mercado e outras desenvolvidas e produzidas na própria oficina, não existe dano que não possa ser reparado de forma perfeita.

“As concessionárias são nossas clientes. Quando ocorre dano em veículos no pátio ou no transporte, elas mandam pra gente e depois vendem como novos. Até porque é isso que a gente faz. Deixamos os carros idênticos ao que eram antes. Perfeitos”, explica.

O filho de Bessa, “Kadú”, conta que sofreu muito com a morte do pai. Mas que hoje o mantém vivo em cada aprendizado que teve dele ao restaurar os carros. “Ninguém era melhor que ele, por isso, foi sem dúvida o melhor professor”, conclui. “Com estufas para pintura, tintas e resinas especiais, a oficina “The Best” Martelinho de Ouro continua na vanguarda da restauração em Anápolis”, afirma Carlos Eduardo.

Mas Divininho e Kadú não são reconhecidos apenas pela restauração, um trabalho perfeito, mas que também é mais caro. Eles também são bons em consertar veículos do modo tradicional, embora não usem massa para moldar a lataria. De acordo com eles, a oficina é completa em funilaria, lanternagem e pintura, além de oferecerem serviços de polimento e revitalização de pintura. “Somos completos e atendemos todo tipo de bolso”, afirma Divininho, negando que o preço da perfeição torna-se inacessível.