O papa Francisco lançou neste domingo (10) um processo mundial de consulta de dois anos que pode mudar a maneira como a Igreja Católica Romana toma decisões e deixar sua marca para muito além do fim do seu pontificado. Proponentes encaram a iniciativa, chamada “Por uma Igreja Sinodal: Comunhão, Participação e Missão”, como uma oportunidade de mudar as dinâmicas de poder da Igreja e dar mais voz a leigos católicos, como mulheres, e pessoas à margem da sociedade.
Torcedor da Anapolina poderá ganhar Dia Municipal
Conservadores afirmam que o processo em três etapas é uma perda de tempo, pode erodir a estrutura hierárquica da Igreja com 1,3 bilhão de membros e, no longo prazo, diluir a doutrina tradicional. Já para as vozes mais progressistas, trata-se de uma oportunidade de rever doutrinas que dizem respeito ao ordenamento de mulheres, ao divórcio, celibato e a relacionamentos homossexuais. Para eles, são pontos essenciais para conter a perda de fiéis, acentuada por anos de escândalos de abuso sexuais, corrupção e uma rígida estrutura hierárquia que pouco mudou ao longo dos séculos dentro da Igreja Católica.
Três etapas
O processo de consulta terá três etapas. Na primeira, que começou neste domingo e vai abril de 2022, católicos em paróquias e dioceses pelo mundo irão discutir assuntos relacionados à participação das mulheres, grupos minoritários, pastorais e pessoas às margens da estrutura formal da instituição. Outro tópico, afirmou o Pontífice, será debater até que ponto a Igreja escuta a juventude.
Em seguida, haverá uma “fase continental”, em que os bispos se reunirão para discutir e formalizar os pontos levantados, entre setembro de 2022 e março de 2023. O último passo, a “fase universal”, será em outubro de 2023, no tradicional Sínodo dos Bispos, reunião periódica na Santa Sé. Lá, irão preparar um documento e, em seguida, o Papa escreverá uma Exortação Apostólica com suas visões, sugestões e possíveis instruções sobre vários aspectos.
Exortações são considerados os terceiros documentos papais em ordem de importância, após as Constituições Apostólicas e as Encíclicas. Tratam-se geralmente de reflexões papais sobre um tópico em particular, direcionado para o clero e os fiéis. Apesar de sua relevância, não são considerados legislativos e não definem o dogma da Igreja.
(Com informações da CNN)