O programa educacional denominado “Pé de Meia” foi recentemente regulamentado pelo Governo Federal do Brasil, sendo aclamado como a “grande inovação educacional dos últimos tempos”. Com um custo anual estimado em mais de sete bilhões de reais, o programa visa beneficiar cerca de dois milhões e meio de estudantes, proporcionando a possibilidade de receberem até nove mil e duzentos reais ao longo dos três anos do Ensino Médio.
O governo justifica a iniciativa destacando que o salário de quem conclui o ensino médio é mais que o dobro daquele que não o completou, apresentando um aumento de aproximadamente 104%. Além disso, argumenta que 520 mil jovens entre 15 e 17 anos estão fora da escola, conforme dados do IBGE. O programa busca ser um estímulo para atrair a juventude de volta às salas de aula, em meio a uma crescente falta de interesse na educação, muitas vezes atribuída à necessidade de jovens contribuírem para o sustento familiar.
No entanto, as estatísticas desafiam a ideia de que o abandono escolar é exclusivamente motivado por razões econômicas. A chamada “evasão escolar” ocorre por diversas justificativas, incluindo a falta de qualidade nas aulas, ambientes desfavoráveis e longas distâncias a percorrer. A pandemia da covid-19 nos últimos quatro anos também contribuiu para o afastamento de muitos alunos, com milhares não retornando.
A novidade do programa é a concessão de gratificações em dinheiro como forma de incentivo educacional. Embora inicialmente possa atrair interesse, questiona-se se apenas o aspecto financeiro será suficiente para manter os estudantes na escola. Destaca-se a importância de melhorar urgentemente a qualidade do ensino, proporcionando ambientes atrativos e eficazes para despertar o interesse dos alunos.
Enquanto a ajuda financeira é bem-vinda, o governo deve concentrar esforços em melhorar substancialmente o sistema educacional. Os resultados recentes das avaliações oficiais sobre o desempenho dos estudantes brasileiros não são encorajadores. Encher as salas de aula com alunos motivados pela perspectiva de uma “poupança” pode não ser eficaz se não houver um compromisso real com a oferta de ensino de qualidade.
O sucesso do programa “Pé de Meia” dependerá não apenas do incentivo financeiro, mas também de reformas significativas para tornar a educação uma experiência valiosa e atrativa para os estudantes.