Cerca de 20 erosões e 20 pontos de alagamento foram ou estão sendo recuperados
A chuva é um importante estágio do ciclo da água. Sem ela, Anápolis estaria condenada ou mesmo jamais teria existido. Mas, se por um lado representa o abastecimento da cidade, por outro causa problemas que colocam em risco vidas e o patrimônio das pessoas. Só no perímetro urbano foram cadastrados mais de 40 pontos em que a chuva é vista com temor. São erosões e pontos de alagamento que ameaçam a segurança de prédios e podem causar acidentes, inclusive com mortes, dependendo da pluviosidade, que pode alcançar 80 mm num único dia.
No caso das erosões, a causa está no mau aproveitamento do solo em locais de alta inclinação. São morros e encostas onde a vegetação foi retirada, permitindo que as gotas atinjam o solo com força e, depois de acumulada, a água escorra em grande quantidade e velocidade, arrastando para os pontos mais baixos, terra e cedimentos. O resultado são crateras com até 12 metros de profundidade que vão desbarrancando e aumentando de largura numa velocidade assustadora durante o verão. Esses sedimentos acabam indo parar nos córregos, causando assoreamento. O problema é ainda mais grave quando a profundidade dessas erosões alcança o lençól freático, transformando- -se nas chamadas voçorocas. Nesse ponto, torna-se muito mais difícil de ser contido.
e ser contido. É o caso da famosa erosão da vila Formosa, na região leste. Por décadas ela desafiou o poder público, destruindo obras de recuperação e avançando sobre as ruas que a margeavam. A situação só foi resolvida agora, depois de uma obra de 6 milhões de reais envolvendo engenharia pesada e um complexo trabalho de drenagem. De acordo com o secretário de Meio Ambiente, Jakson Charles, solucionar esse problema foi um desafio, mas tornou-se prioridade quando ameaçava destruir parte do bairro. “Uma importante avenida que liga a vila Formosa ao setor Arco Verde desmoronou e a circulação dos moradores ficou prejudicada. Eles passaram a improvisar passagens e a qualquer momento um acidente grave poderia acontecer. Sem falar no avanço do buraco que não parava de crescer”, explica ele.
Outras erosões como a do parque Residencial das Flores, também estão sendo recuperadas ou monitoradas pela prefeitura, assim como os locais onde os córregos sobem sempre que chove forte. São áreas, na maioria dos casos, ao longo das veias d’água, que foram invadidas pelos moradores. Casas foram construídas e, com o crescimento da cidade e o aumento da área impermeabilizada do solo, acabam recebendo uma quantidade enorme de água, superando a capacidade de vazão da infra estrutura local. Isso causa interdição de ruas, desabamento de construções e a destruição do que a correnteza encontra pela frente. “Com planejamento e obras, estamos corrigindo décadas de ações erradas tanto do poder público quanto da população”, diz o secretário. Mas só vamos obter total sucesso quando todas as pessoas estiverem conscientes de que a cidade precisa respeitar as forças naturais para coexistir com elas. Isso leva tempo, mas estamos combinando ação com educação”, completa Jakson.