Titular do 3º Comando Regional da Polícia Militar, o coronel Paulo Roberto relatou como foi a atuação da corporação
CONTEXTO – Coronel, como foi trabalhar durante mais um ano de pandemia, crise econômica e política?
PAULO ROBERTO – Difícil. Esperávamos um alívio em relação à 2020, mas o que vimos foi um agravamento, principalmente na questão econômica, o que reflete diretamente na criminalidade. Além disso, perdemos mais de 50 companheiros de farda. Um peso enorme na cabeça de cada policial que, afinal de contas, está na linha de frente, se expondo todos os dias e expondo também a sua família. Tivemos que dar todo o apoio médico e psicológico ao nosso pessoal e, felizmente estamos saindo vitoriosos desse ano tão difícil, todos vacinados e totalmente operacionais.
CONTEXTO – Qual o principal desafio, além disso, enfrentado pela PM em 2021?
PAULO ROBERTO – Quem nasceu em Anápolis tem acompanhado o crescimento da cidade. Mesmo durante a crise econômica e a pandemia, existiu um grande crescimento populacional e expansão urbana. Nosso desafio foi elaborar estratégias e nos adaptar para atender o volume crescente de ocorrências que segue a mesma linha de crescimento. Nos reinventamos o tempo todo.

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CONTEXTO – Como anda a informatização da PM, a questão da tecnologia. Houve avanços este ano?
PAULO ROBERTO – Sem dúvida! Já há algum tempo estamos investindo em pessoal treinado e equipamentos de ponta para coleta de informações. Estamos muito bem nesse aspecto. Mas quero ressaltar os frutos que colhemos esse ano com as parcerias entre a PM e as demais polícias. PF, PC e PRF experimentam agora uma integração jamais vista e a informática e a tecnologia tiveram papel fundamental nisso. O resultado é a quantidade de ocorrências com desdobramentos positivos, graças a isso.
CONTEXTO – Qual foi o caso em que você mais se envolveu em 2021?
PAULO ROBERTO – Difícil citar um único caso. Mas quero aproveitar a deixa da integração entre as polícias para citar aquele do homicídio em Corumbá, em que o autor se deslocou por Alexânia até chegar a Nerópolis. As polícias de Anápolis colocaram à prova todos os seus recursos tecnológicos e de pessoal, atuando em conjunto. Foi um caso que marcou bastante porque todos viram como essa integração está funcionando bem. Trabalhamos como um verdadeiro time.
CONTEXTO – Como foi estar à frente do 3º Comando Regional esse ano? Cansativo?
PAULO ROBERTO – Olha, por mais difícil que tenha sido, não achei cansativo. Olho os índices de criminalidade caindo, o número de roubos, homicídios, furtos, mesmo durante a crise e bate um orgulho de fazer parte da PM. Esse sentimento foi muito forte em 2021 e supera qualquer adversidade ou cansaço. Posso dizer que é o sentimento de todo policial dessa cidade. Principalmente os mais antigos, que já passaram por épocas em que não dispúnhamos de recursos diversos, como transporte e armamento. Hoje temos como desempenhar um trabalho de excelência. Só lamento pela perda das vidas dos policiais. Eu era muito amigo do Coronel Hilrner. A morte dele me abalou durante todo o ano e ainda me emociona. Imagino o que deve ter acontecido com as famílias de todos que nos deixaram por conta dessa doença.
CONTEXTO – Sobre 2022, continua no cargo? Está satisfeito?
PAULO ROBERTO – Continuo, com toda certeza. Amo isso aqui. Estou muito bem física e mentalmente, do alto dos meus 52 anos e pronto para qualquer parada. E nem quero sair. Poder trabalhar nessa cidade é um privilégio. Quem mora aqui sabe disso. Que possamos superar juntos as perdas que tivemos em 2021 e seguir em frente.
CONTEXTO – Alguma novidade para a PM para 2022?
PAULO ROBERTO – Sim, muitas. Mas vou citar duas que vão impactar bastante a PM. A primeira é a realização de concurso público. Algo que há muito tempo não acontecia. O Estado vai abrir 1 mil novas vagas para policiais e parte delas são para a cidade. Isso vai ser excelente. A outra é a aquisição por parte do governo estadual de R$ 50 milhões em armamento. Vamos substituir já no primeiro semestre do ano que vem todas as pistolas Taurus .40 por Sig-Sauers 9mm e receber armas longas e de grande potência. Isso significa ter um armamento mais confiável com melhor poder de fogo, menos recuo e condições de enfrentar o crime com muito mais segurança.
CONTEXTO – Gostaria de citar mais alguma coisa sobre 2021?
PAULO ROBERTO – Quero elogiar a participação da população. Posso dizer que foi o ano de maior parceria dos moradores com a PM. Temos recebido um número crescente de denúncias, o que é essencial pra que possamos desempenhar um bom trabalho. Houve uma época em que as pessoas tinham medo da polícia ou mesmo raiva. Isso ficou no passado. O que vimos em 2021 foi uma relação de admiração e amizade. Somos muito bem recebidos durante o nosso trabalho, o que mostra confiança de quem vive aqui em relação à nossa corporação. Peço ao povo que continue assim. Especialmente em relação a denúncias sobre tráfico de drogas, agressões a mulheres, idosos e animais. É preciso entender que a denúncia, sucedida da ação policial pode evitar males maiores, como homicídios, por exemplo, que é um crime difícil de se prevenir. Por isso é tão importante denunciar. Estamos sempre à disposição no 190 e o sigilo é absoluto. Quem já denunciou sabe que não perguntamos nomes nem nada. Só queremos combater o crime e pronto.