Na sua edição de número 256 o Jornal Contexto relatou o caso de dois policiais militares que arriscaram suas vidas para salvar Suelen Pollyana Diniz, 24 anos, grávida de cinco meses, que se encontrava dentro de um imóvel em chamas. Trata-se do sargento Giuliano Dourado e do soldado Sidney Rocha de Jesus. No dia 12 de março, os dois realizavam ronda no Bairro Alexandrina, ao lado da Casa da Criança, na Rua Albertino de Pina.
Na ocasião, foram abordados por um transeunte que, assustado, pedia a eles que se deslocassem a um prédio em chamas, pois no mesmo havia uma pessoa presa. O local do ocorrido pertence à instituição filantrópica. De acordo com Sidney, ali existem alguns imóveis para alugar. O incêndio ocorreu em uma kitchnet.
Imediatamente os dois atenderam ao chamado do transeunte e se deslocaram para o lugar indicado, onde uma multidão reunida do lado de fora, tentava apagar as chamas. De acordo com o soldado Sidney, “encontramos inúmeras pessoas quebrando vidraças do imóvel para tentar apagar o fogo com mangueiras pelo lado de fora”.
As tentativas foram em vão. O fogo rapidamente se espalhava e os policiais militares, com a ajuda de um bombeiro à paisana (o mesmo se encontrava de folga), não tiveram outra opção a não ser arrombar a porta e entrar no local. “Escutávamos apenas os gritos de uma mulher pedindo socorro. Abaixamos para fugir da fumaça e começamos a procurá-la”, afirmou. O clarão provocado pelo fogo atrapalhava a busca por Suelen.
Quando foi encontrada, a vítima se encontrava aos prantos e as marcas das queimaduras podiam ser vistas por todo o seu corpo. “Era algo que nunca havíamos presenciado antes em nossa profissão. Praticamente 100% de seu corpo estavam queimados. Rapidamente a retiramos do imóvel e a conduzimos para a área de serviços da casa”. Suelen foi encaminhada para o Hospital de Queimaduras, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu.
O fato, ainda sem explicação, tem, por enquanto, apenas a versão do namorado da vítima, Tiago Martins Souza, que estava no local durante o incêndio. “Ele nos procurou apenas meia hora depois, afirmando que esteve o tempo todo no local. Segundo o rapaz, uma vela havia caído no chão e provocado o incêndio”.
O que intrigou os dois policiais militares foi o fato de Tiago não ter feito nada em socorro da vítima nem apresentado sinais de preocupação com o ocorrido. “Encontramos uma pessoa fria, sem sinais de emoção, o que causou estranhamento em princípio. Tanto é que, nas investigações, ele tem sido colocado como suspeito de ter causado, propositadamente, o crime”. Segundo Sidney, Tiago seria usuário de drogas.
O fato trouxe à tona a coragem dos policiais militares, que não pouparam esforços para salvar a vítima. “No momento não pensamos em mais nada. Sabíamos apenas que alguém precisava de socorro e, prontamente, atendemos ao chamado”, completa o militar.
Dia a dia
O trabalho de um Policial Militar inclui uma rotina dura, em que o profissional deve estar preparado para lidar com diferentes situações. Apesar de não fazer parte do seu rol de obrigações o salvamento de vítimas de incêndios, o soldado Sidney e o sargento Giuliano quebraram o protocolo em favor de uma vítima.
Mesmo não tendo recebido nenhuma menção honrosa pelo fato, os policiais militares se orgulham de ter arriscado suas vidas para tentar salvar Suelen. Segundo Sidney, “agimos de acordo com a nossa consciência, não esperando nada em troca. O nosso objetivo era salvar uma vida, o que, infelizmente, não conseguimos. Mas, temos a certeza de que cumprimos com o nosso dever”, concluiu.