Já se disse, certa vez, que se acabarem com as cidades e deixarem os campos, as cidades renascerão, mas, se acabarem com os campos e deixarem as cidades, elas não sobreviverão. Por certo, não existe uma afirmação tão correta como esta. Mesmo com a migração quase que em massa das zonas rurais para os setores urbanos, que é crescente desde a década de 40, quando o Brasil tinha 85 por cento de sua população localizada em pequenos sítios, médias, e grandes fazendas (hoje é, exatamente, o inverso), o País nunca deixou de depender da produção agropastoril. Não se fabricam alimentos na Cidade. E, na cidade, não se vive sem alimentos. O máximo que se faz no setor urbano é transformar e, nunca, fabricar o que se come.
E, no atual contexto, a agropecuária tem sido o sustentáculo desta Nação, muito especialmente, no Centro Oeste, tido como o celeiro do mundo, mas que não tem de parte dos governos a devida atenção. Goiás, por exemplo, é um dos estados que mais produzem alimentos, mas seus produtores rurais ressentem de políticas inteligentes para se fomentar, mais ainda, esta produção. O morador do campo não tem segurança pública; assistência médica à altura de seu valor; a energia elétrica é de péssima qualidade e as rodovias, com raras exceções, nem podem ser chamadas de rodovias. São estradas mesmo, daquelas utilizadas, no passado, por carros de bois, em que pese alguma serem, até, pavimentadas. Todavia, não têm acostamento, não tem sinalização, não tem manutenção.
Ah, se olhassem para o produtor rural… Certamente seríamos, sim, o tal celeiro do mundo, que só aparece durante as campanhas eleitorais, ou, nas propagandas enganosas dos governos. O lavrador não tem acesso ao crédito, não tem escola de boa qualidade para os filhos, não tem garantia nenhuma do preço mínimo para o leite, o arroz, o feijão e outros alimentos que produz penosamente. Mesmo assim, a produção rural é a mais forte vertente da economia brasileira. Enquanto isso, os governos, em geral, torram as economias em projetos mirabolantes para alimentar uma cadeia corrupta que varre este País de ponta a ponta.
O produtor rural não quer esmola, não quer ajuda. Ele quer é dignidade, quer respeito, condições básicas para trabalhar, produzir e fazer desse País o maior celeiro do mundo.