O acesso limitado ao crédito no Brasil leva muitos consumidores a recorrerem ao empréstimo de nomes de amigos e familiares para realizar compras. Segundo pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), 27% dos entrevistados admitiram ter utilizado o nome de outra pessoa para adquirir produtos ou serviços nos últimos 12 meses. A prática, embora solidária, traz consigo riscos financeiros e constrangimentos.
A principal forma de utilização de nomes alheios é através do pedido de cartão de crédito emprestado, especialmente por consumidores com dificuldades em obter crédito aprovado. A pesquisa destaca que 20% dos entrevistados optaram por essa modalidade, seguida por empréstimos (4%) e crediário (3%). Financiamentos (2%) e cheques (1%) foram menos mencionados.
A pesquisa revela que a prática é adotada, principalmente, por aqueles que enfrentam obstáculos no acesso ao crédito ou que lidam com imprevistos sem contar com uma reserva financeira. A recusa de crédito (25%), estouro no limite do cartão de crédito ou cheque especial (20%), e a falta de tentativa para obter crédito (19%) são as principais razões apontadas pelos entrevistados.
José César da Costa, presidente da CNDL, destaca que o consumidor que empresta seu nome precisa considerar as consequências dessa ação, pois a responsabilidade legal sobre a dívida recai sobre quem emprestou. Alerta ainda que as consequências podem ser negativas tanto financeiramente quanto nas relações sociais.
Aporte familiar
A pesquisa também revela que, ao pedir nomes emprestados, os cônjuges (26%) e os pais (22%) são os mais procurados, seguidos por irmãos (19%). Argumentos como pagamento de dívidas (20%) e despesas essenciais como supermercado (16%), roupas (13%), despesas médicas (13%), e custos para os filhos (13%) são frequentemente utilizados.
A maioria dos consumidores (86%) afirma ter quitado ou estar quitando as parcelas em dia. Entretanto, seis em cada dez desses consumidores afirmam que não emprestariam seus nomes para amigos ou familiares (62%), indicando uma conscientização sobre os riscos envolvidos.
Em relação às dificuldades encontradas, a maioria (62%) relata que a compra transcorreu sem problemas. Na compra online, 18% tiveram alguma dificuldade, enquanto 11% enfrentaram obstáculos em lojas físicas. Roupas, calçados e acessórios (27%), supermercado (21%) e eletrônicos (21%) foram os produtos ou serviços mais adquiridos com nomes de terceiros.
Além dos riscos financeiros, o presidente da CNDL ressalta o perigo de prejudicar as relações sociais ao emprestar nomes. Destaca a importância de recusar concessões de crédito para preservar relacionamentos e evitar desgastes futuros.