Por que você se inscreveu para participar de “O Aprendiz”?
Acreditava ser uma oportunidade única em minha vida profissional. E foi.
Como se deu o processo de seleção? Por quantas etapas você passou?
Passei por três etapas. A primeira foi feita pelo SEBRAE, mediante algumas informações oferecidas por mim na inscrição. Creio que é muito importante hoje em dia, fazer uma história na internet, criar blogs, sites… A segunda etapa foi realizada em São Paulo, onde alguns testes psicológicos, de liderança e lógica foram feitos. A terceira e, mais difícil, foi realizada pelo diretor do programa. Foi um teste individual, com perguntas sobre atualidades, creio que o equilíbrio emocional, também, foi analisado.
Você derrotou outros 100 mil candidatos. Como se sentiu ao ser escolhida?
Creio que minha fé sempre corresponde aos meus sonhos. Existem pessoas escolhidas por Deus, eu, me sinto preferida. O que as pessoas chamam de sorte, eu chamo de Graça de Deus. Fui agraciada, abençoada e foi um dos melhores momentos da minha vida quando ouvi a voz de Roberto Justus no celular dizendo: “Você é uma das 18 participantes do aprendiz universitário”.
Qual foi o momento mais difícil durante sua participação no programa?
Passei por muitos momentos difíceis. Mas, um dos piores, aconteceu quando ganhei a prova da Shell e, mesmo assim, perdi a viagem para o cruzeiro, uma das mais esperadas por mim dentro do processo.
Como você se sentiu nas vezes em que foi para a sala de reuniões? Você acha que em algum desses momentos foi traída, ou injustiçada?
Eu sempre acreditei que uma pessoa emocionalmente resolvida tem mais chances de sucesso que uma intelectualmente preparada. Sempre ia para as salas de reunião muito tranquila, não tinha medo de nada que viesse a me surpreender. Contra fatos não há argumentos, então, meu respaldo sempre foi dado por minhas atitudes, meu caráter. Se eu fui traída, injustiçada? Com certeza. Infelizmente na vida e, principalmente, em um programa onde o principal artista é o ‘um milhão de reais‘, as pessoas se esquecem dos fundamentos básicos de um bom cidadão – lealdade, ética, amizade, verdade, compromisso.
Na prova com o exército, durante os tiros, você acertou dois disparos. Mas, um deles, atingiu o balão da equipe adversária. O tenente, então, chamou sua atenção. Você estava tensa? Como você enfrentou a situação?
Aquele foi um dos momentos mais inusitados do programa. Eu estava em um ambiente em que nunca pensei que iria estar. Em todos os momentos estávamos tensos. Imagine-se no meio da mata, com soldados gritando no meu ouvido; você está morrendo de fome, cansada, carregando uma tonelada na mochila, o sol está de matar. Nunca havia manuseado uma arma na vida, e lá estava o desafio. Não tinha o que explicar para o tenente, eu errei a mira e não teria como encher o balão novamente. A prova do exército foi uma das mais difíceis de encarar.
A discussão na reunião após a prova foi grande, cheia de acusações. Você acha que nem todos se esforçaram como poderiam?
Indiretamente, creio que a prova do exército fala muito do mercado de trabalho. Você precisa ir além do seu limite, encarar seus erros e aprender com eles. Muitas vezes, deixar de ser somente inteligente e passar a buscar a sabedoria, que é aprender com o erro dos outros. Não só olhar, mas enxergar as possibilidade e oportunidades que a vida lhe oferece. Ver em cada dificuldade uma oportunidade para vencer. Sem dúvidas todos se esforçaram, creio até que, naquela tarefa, ninguém poderia ter sido demitido. Mas, na sala de reuniões o que vale é o detalhe, é a forma com que você encara o erro, e claro, como se defende.
E durante a prova em que você foi líder, qual a maior dificuldade?
Dificuldades, tive muitas na prova da Lukscolor, mas a maior delas foi o tempo. Não tivemos muitos dias para realizá-la. Tínhamos que reformar um asilo em quatro dias e meio. Ele estava em terríveis condições elétricas e havia muitos idosos que precisavam de tratamentos especiais, ou seja, não podíamos tirá-los por muito tempo do quarto para pintar e organizar. Foi uma prova muito complexa, numa semana de muita chuva em São Paulo e isso me atrapalhou bastante também. Mas, o importante é que o tamanho da minha dificuldade foi proporcional ao aprendizado que a prova me trouxe.
Por que acha que sua equipe perdeu?
Porque focamos bastante na reforma, no benefício que traríamos para eles no presente momento. E não pensamos no futuro, em que poderíamos colaborar para que a sociedade os ajudasse.
“Passei dias e dias pensando e orando, para saber de Deus se essa era a melhor decisão a ser tomada. Foi um dos momentos em que mais me conheci”.
Os integrantes de sua equipe lhe acusaram de não saber liderar. Como você interpreta essas acusações?
Na sala de reuniões as pessoas precisam de argumentos para apontar, julgar, independente se esses são verdadeiros ou bem elaborados. No caso, é difícil liderar quem não sabe ser liderado. Havia muitas pessoas com personalidade forte e que só faziam as coisas superficialmente para ter como se defender nas reuniões. Quando se é líder de uma empresa, você fala e, pronto. Ali, onde todos querem o mesmo um milhão de reais, é difícil ser verdadeiramente um líder. O importante é entender que, o melhor líder é aquele que sabe servir.
Se a sua equipe tivesse ganhado a prova você teria tomado a mesma decisão, sair do programa?
A vida é cheia de caminhos. O que aconteceu era para acontecer. Se não, eu não estaria onde estou. Muita coisa poderia ser diferente se naquela última prova eu tivesse ganhado. Mas, não sei se estaria feliz, cheia de oportunidades e de consciência limpa como estou.
Por que você pediu para sair? Foi uma atitude repentina, ou uma decisão pensada?
Foi muito bem pensada. Passei dias e dias pensando e orando, para saber de Deus se essa era a melhor decisão a ser tomada. Foi um dos momentos em que mais me conheci. Ouvi meu silêncio por muitas noites. Pedi pra ir embora porque dali para frente eu teria que mudar meu jeito de ser para ganhar o programa. Não tinha como ser eu mesma. Depois da metade do programa, você começa a ver quem é quem e o que uma pessoa é capaz de fazer para ganhar o mundo.
Se você já estava decidida a sair, por que esperar pelos momentos finais, pela sala de reuniões?
Mesmo indo embora do programa, eu tinha minhas estratégias. Em uma reunião com o Roberto, depois de tudo ter acabado, ele disse que eu estava indo muito bem na sala de reuniões daquele dia, e que, provavelmente, diferente do que algumas pessoas pensam, eu não iria embora naquele dia. Mas isso só poderia ser provado se eu fizesse o que fiz, me defendi até o momento crucial.
Roberto Justus criticou duramente sua atitude. Você esperava uma reação tão dura e negativa à sua escolha?
O Roberto Justos é um personagem dentro de “O Aprendiz”. Sou uma estudante de Comunicação e sei o que é importante veicular na televisão para segurar um telespectador. Ele e eu sabemos, também, que não sou nada daquilo que ele falou. Mesmo porque, todos nós temos o direito de ir e vir, caminhar por onde quisermos, é o livre arbítrio.
Quem era o (a) participante mais próximo a você?
Quem ficou mais próxima foi Mayte. Por não termos trabalhado juntas em nenhuma tarefa tivemos uma proximidade maior dentro e fora do programa.
Para quem você estava torcendo depois de sua saída?
Não fiquei torcendo por ninguém. Mas, entre as duas finalistas acreditava mais na Karina, mesmo assim, tinha certeza que o Roberto escolheria a Marina.
Você considera a vitória de Mariana Erthal um resultado justo?
É complicado responder sobre justiça, pois depende dos vários pontos de vista. Muitos dos participantes poderiam estar no lugar dela, mas se ela chegou lá, com certeza tem seu mérito. Dentre as duas finalistas, Marina é a que mais se parece com Roberto Justus.
O que mudou em sua vida desde que você saiu do programa?
Tudo mudou. Apareceram muitas oportunidades, visibilidade no Brasil todo, reconhecimento. Amigos da faculdade me procuram, ligam para me parabenizarem. Creio que foi um trampolim para muitas coisas na minha vida.
Quais os seus planos a partir de agora?
Estou aproveitando muito minha família, que é a coisa mais importante da minha vida. Matando a saudade dos amigos, da cidade e da comida goiana. Profissionalmente, estou em um momento de decisão, tenho muitas propostas ótimas. Vou esperar para decidir tudo neste semestre, e se for preciso mudar de cidade e faculdade, estou preparada.
“Uma pessoa que sabe aonde quer chegar nunca pode se esquecer de onde saiu”.
Você acha que o pedido de demissão pode atrapalhá-la em algum momento de sua carreira?
De forma nenhuma. Creio que minha decisão dentro do programa me fez diferente e trouxe a importância da ética no mercado de trabalho. Abrindo assim, muitas oportunidades excelentes.
O que você aprendeu durante o programa? Que lições você leva para sua vida?
Aprendi a dar valor na rotina da vida, família, amigos, momentos que não percebemos o quanto são importantes e o quanto animam nossa caminhada. Aprendi a dar valor na comida caseira, no filme assistido no sofá de casa em um final de semana qualquer. Aprendi que tudo o que você quer fazer, mesmo tendo pouco tempo, você consegue. Também aprendi que nada melhor que um programa em rede nacional para mostrar o que você já era, mas, ninguém conhecia. Uma lição que nenhuma universidade ensinaria.
Qual o balanço de sua participação em “O Aprendiz”?
Fui eu mesma até o momento que eu poderia ser. Aprendi e não quis aprender, acertei e errei. Mas o melhor é saber que depois de toda essa caminhada pude me encontrar diferente quando voltei pra casa. Sempre certa de uma coisa: uma pessoa que sabe aonde quer chegar nunca pode se esquecer de onde saiu.