Um dos livros mais fascinantes da Bíblia é o livro de Jó. Ele trata de uma questão central da humanidade: o problema da dor, da impotência e do sofrimento. O tema central é, na verdade, a grande dificuldade que encontramos para ter fé em tempos de angústia e de profunda dor.
Onde está Deus quando sofremos? Por que Deus parece distante e não nos responde? Muitas pessoas se perdem quando enfrentam questões relacionadas ao mistério da morte e da dor, quando Deus não parece fazer sentido.
Depois de alguns diálogos fascinantes entre Jó e Deus e entre Jó e seus amigos, Deus finalmente se manifesta. “O Senhor respondeu a Jó no meio de um redemoinho” (Jó 38.1). Outras versões afirmam que Deus lhe respondeu no meio da tormenta e da tempestade.
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O problema de Jó é que não havia razão lógica para seu sofrimento, nem uma equação que pudesse justificar sua dor. Quando uma pessoa sofre por causa de algo errado que cometeu, podemos entender. Todos nós tivemos a experiência de desobedecer nossos pais e receber alguma punição. Assim, quando a disciplina está vinculada a algum erro, há um sentimento de justiça: fomos punidos porque erramos. Agora, quando o sofrimento é desprovido de coerência não parece injusto e sem sentido?
Jó enfrenta sua dor sem conseguir entender o que está acontecendo. Quando lemos sua história, sabemos de todo o pano de fundo, do que está acontecendo nos bastidores. Entretanto, Jó é coadjuvante. A dor vem sobre ele de forma brutal, sem piedade e coerência e ele precisa conciliar a dor absurda com a realidade de um Deus bondoso e poderoso. Então, por que Deus permitiu que ele sofresse? Esta é a pergunta que ele faz.
As questões levantadas por Jó não são respondidas como ele deseja. Deus se revela, finalmente, no meio da tempestade. Em meio à dor, Deus mostra coisas extraordinárias que vão das questões mais simples da vida – como a existência dos animais – até a grandiosidade das galáxias. Apesar de não responder as perguntas filosóficas existenciais, Deus penetra na dor de Jó e o visita no meio do redemoinho, demonstrando que o importante não é o porque da dor, mas Quem caminha no meio da dor com ele.
As respostas são insuficientes e não consolam, por isso também são ineficazes, mas encontrar-se com Deus no meio do vendaval é a experiência mais poderosa que o ser humano pode ter. Adentrar o grande mistério do mal, da dor e da morte com a certeza de que, ainda que nem tudo esteja claro e equacionado, há uma presença que consola.
Não é esta verdade que lemos no Salmo 23? “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo. A tua vara e o teu cajado me consolam.