É visível a atmosfera de medo diante da pandemia que enfrentamos. Nesta semana, um amigo me ligou e disse: “Eu estou com medo desta doença”. Eu tive que admitir: eu também estou!
Os números impressionam. Já são mais de 300 mil pessoas vitimadas pelo vírus. No dia seis de Abril tivemos o número recorde de 4 mil 195 mortes em um único dia. Estatísticas, lamentavelmente, não nos assustam tanto quando temos de lidar com a morte de uma pessoa que conhecemos. Quando isso acontece, somos realmente fragilizados. Percebemos que a morte não está longe de nós.
Além da doença, estamos sendo vitimados pelas notícias que circulam. A Imprensa está no modo “quanto pior, melhor” e explora as emoções negativas para gerar pânico. No Brasil, a violência, o medo e a insegurança estão por toda a parte. Até mesmo a prática do lazer está permeada pelo medo. Andar de bicicleta, ir à praia, jogar futebol, fazer uma caminhada, acampar, visitar um parente… tudo pode ser perigoso. E assim vamos nos tornando reféns do medo.
Do ponto de vista da medicina e psiquiatria, sabemos que o medo pode, facilmente, transformar-se num distúrbio mental quando o que seria temporário persiste e também, dependendo da intensidade com que ele nos atinge. Certa dose de medo é prudente e salutar. O que diferencia o “normal” da “neurose” é a intensidade desse medo. Viver em constante estado de alerta pode sobrecarregar as emoções, trazendo angústia, estresse e ansiedade.
O medo pode ser um mecanismo que nos protege, mas ser prudente é importante, já que viver debaixo de medo pode adoecer e paralisar a vida. Precisamos aprender a nos desviar daquilo que pode nos ferir e machucar e o medo pode criar certas estruturas de defesa. Stephen Hawking ponderou: “Eu não tenho medo da morte, mas também não tenho nenhuma pressa em morrer.” Entretanto, a vida pode ser desperdiçada pelo medo que nos engole. Precisamos lidar com o medo na medida certa. Quando somos reféns, ele nos controla e torna-se obsessivo. Perdemos a capacidade de fazer correto juízo critico da realidade.
Viver com medo é viver pela metade. O medo é capaz de produzir fantasmas e monstros! Há um provérbio alemão que diz: O medo faz o lobo maior do que ele realmente é. Já a Bíblia afirma que “no amor não existe medo” e que “Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio.”
Ora, pior que o vírus da pandemia é o vírus do medo. Muitos perderam emprego, fecharam seus negócios e estão inseguros quanto ao futuro. O vírus é real, mas as circunstâncias mudam. A ameaça vai passar. Não podemos nos transformar em reféns do medo.