Falando com exclusividade ao Jornal Contexto, para a edição comemorativa dos 113 anos de Anápolis, Prefeito destaca ações da gestão e faz um balanço do trabalho e dos desafios num ano de pandemia
Entrevista a
Claudius Brito e Vander Lúcio Barbosa
O senhor conhece bem a história de Anápolis, que agora está completando 113 anos de emancipação. Ao lançar um olhar para essa história, onde a Cidade avançou nesses últimos anos?
Roberto – Anápolis tem avançado muito e nós temos alguns acontecimentos que foram marcos importantes na história: a Cidade sempre foi muito bem localizada e, com a inauguração de Brasília, ela ficou num ponto muito privilegiado; aqui nós sempre tivemos a tradição dos armazéns e distribuidores e ela cresceu com essa parte do comércio muito dinâmica, Logo depois, veio a industrialização com a implantação do DAIA e isso foi, também, um aspecto muito importante, porque elevou Anápolis a um novo patamar, onde passamos a ter um reconhecimento maior. Dentro dessa história, também, temos alguns fatos que foram negativos, como aquele momento quando o Governo do Estado deixou a Vicunha (indústria têxtil localizada na Vila Jaiara) fechar. Mas temos muita coisa para nos orgulhar e algumas que, infelizmente, deveriam ter uma maior interferência do poder público em prol das soluções favoráveis ao Município. Agora, temos hoje um grande polo farmoquímico; temos uma cidade que tem um povo muito acolhedor e a tendência natural – isso já está acontecendo – é que a gente implante novos polos, atraia novas empresas com a implantação do CEITEC (Centro de Empreendedorismo, Inovação e Tecnologia de Anápolis) e do POLITEC (Polo Industrial e Tecnológico de Anápolis) e, ao lado disso, a expansão do DAIA, o funcionamento do Centro de Convenções. Tudo isso mostra que Anápolis tem um futuro muito bom pela frente, principalmente, nessa parceria do Prefeito de Anápolis com o Governador de Goiás, Ronaldo Caiado e o Presidente da República, Jair Bolsonaro. Essa parceria faz com que a cidade possa dar um salto em seu crescimento.
E, na avaliação do senhor, quais seriam os gargalos, ainda, existes?
Roberto – Quando assumimos a Prefeitura, tínhamos alguns pontos muito críticos. A violência era um deles e aí, com a Força Tática, nós estamos com índices de primeiro mundo e isso tem acontecido graças ao trabalho da Polícia Militar e aos investimentos da Prefeitura e a parceria com o Governo do Estado. Outro problema que a Cidade tinha que era crônico, e vinha de longo tempo, era na área de saúde. Se vocês lembrarem, o jornal noticiou manifestações por parte dos diabéticos que não recebiam insulina e iam para as ruas fantasiados com nariz de palhaço; nós não tínhamos luvas; tínhamos medicamentos vencidos na Central Farmacêutica e, hoje, a realidade é bem diferente: nós temos uma UPA Pediátrica; vamos inaugurar uma UPA Geriátrica; construímos uma nova Central de Saúde; algumas de nossas Unidades Básicas de Saúde tiveram horário estendido; criamos o ZAP da Saúde; modernizamos o sistema de regulação e, com isso, estamos conseguindo atender a população anapolina como ela merece. Sabemos que tem que melhorar e vamos trabalhar para que isso aconteça. Se a gente olhar, também, na área social, nós tínhamos instituições sociais cujos dirigentes perambulavam nos corredores da Prefeitura a pedir ajuda. Com a política estabelecida com a ajuda da Primeira Dama Vivian (Naves) junto à Secretaria de Desenvolvimento Social e, através de chamamento e aplicação da Lei 13.009, hoje, essas instituições recebem dinheiro em conta, ou seja, nós demos dignidade a todas essas pessoas. Tínhamos um problema muito grave – ainda é um problema – que é a questão da água. Nós sabíamos que durante décadas, não havia sido feito realmente um investimento maciço no Município. Hoje, a gente tem um novo contrato, que é um contrato de programa, e os investimentos já estão sendo feitos na construção de novos reservatórios, novas captações de água, ampliação da rede, melhoramentos no sistema. A SANEAGO tem investido na Cidade aquilo que não se investia há décadas. Então, temos uma cidade jovem e que ainda tem muita coisa para ser feita.
Nessa questão do sanitarismo, a população pode enxergar lá um pouco mais à frente que ela vai ter a universalização da água e do esgoto?
Roberto – Caminha para isso. São grandes investimentos, até porque será construída uma barragem. É claro que em seis meses você não recupera o que deixou de ser investido 30, 40 anos para trás. Mas eu tenho certeza de que, em cerca de cinco anos, já devemos experimentar essa universalização, tanto da água como do esgoto, porque elaboramos um contrato muito bem amarrado e porque a SANEAGO faz aquilo que é a sua obrigação. O contrato anterior era de concessão, onde a Prefeitura não tinha poder sobre ele. Hoje, é um contrato de programa e se a Empresa não atender à Prefeitura e à sociedade, ele naturalmente é rescindido.
Como estão caminhando os projetos do Centro de Tecnologia e do Polo Industrial Municipal, o POLITEC?
Roberto – O CEITEC (Centro de Empreendedorismo, Inovação e Tecnologia de Anápolis) a gente entrega no próximo dia 08 de agosto, aonde vamos ter um centro para apoiar jovens empreendedores e startups. Não tínhamos um trabalho forte e isso começou na Secretaria de Desenvolvimento lá atrás com nosso amigo e parceiro Vander Lúcio. Depois, tivemos a professora Eva Cordeiro, o Adriano Baldy e, hoje, o Anastácios Apostolos Dagios. Então, são projetos que começaram lá atrás, ou seja, de modernizar e fazer com que Anápolis possa se mostrar ainda mais. Quanto ao POLITEC, ainda estamos em fase final de permuta. Há um questionamento do Ministério Público que já está em fase de resposta, mas está a caminho. Temos certeza de que Anápolis vai se transformar em um grande polo tecnológico.
Esse ano foi um atípico, pela pandemia do novo coronavírus. Já se pensa no que fazer no pós-pandemia?
Roberto – É importante ressaltar que, mesmo num período de pandemia, as coisas continuam a acontecer por parte da Prefeitura. Entendemos que a melhor forma de enfrentar essa pandemia é continuar com o trabalho. Então, neste momento, nós temos escolas em construção, dez quadras em edificação, oito arenas poliesportivas, asfalto nos bairros, inclusive, em alguns que esperavam por isso há quase 40 anos, como o Polocentro, o Jardim Promissão que esperava há décadas. Está em troca a iluminação pública com luminárias comuns por lâmpadas de LED, o aterro sanitário está em ampliação. Há projeto de construção de um Hospital Municipal que, ainda, não é o definitivo, mas que vai funcionar onde era o CAIS Progresso. Temos um projeto no Ministério da Saúde para um hospital com 110 leitos. A licitação do Parque das Águas está em fase final. Também o Parque Linear da Avenida Brasil Norte, que vai ser um cartão postal para aquela região. Houve um atraso natural por causa da pandemia, mas a Prefeitura nunca parou e as ações continuam e nós trabalhamos para manter tudo em funcionamento, para avançar e melhorar cada vez mais.
O setor da educação foi um dos mais impactados nessa crise da pandemia. Ele deve merecer uma atenção especial?
Roberto – Sim. As escolas foram fechadas. Mas a professora Sonja (Maria Lacerda, secretária de Educação) juntamente com a sua equipe está em contato com os alunos que têm vídeoaulas. Mas, nesse momento, a nossa preocupação é com a vida de todos – professores, alunos, pais. Entretanto, queremos manter o vínculo educacional que, às vezes, é tão importante quanto o próprio conteúdo. E temos, nesse período, construído e melhorado as escolas. Em boa parte delas, instalamos ar condicionado para dar mais conforto aos alunos e professores. Estamos com o programa Escola Nova, que visa colocar recursos audiovisuais para os professores usarem. Isso era um problema, porque as instalações elétricas eram muito precárias e, então, não dava para implantar esses recursos mais modernos. Fizemos um concurso, já convocamos os professores, enfim, nós valorizamos a categoria e os servidores em geral. Então, quando tudo isso passar, nós vamos receber os nossos alunos da melhor forma possível.
Estamos num ano de eleição, que não deixa de ser importante também, apesar das circunstâncias. Tem sobrado algum tempo para as articulações?
Roberto – A gente acorda cedo e neste momento, enquanto a gente está fazendo essa entrevista que vai sair no Jornal Contexto impresso e, também, no online, num trabalho que é realizado em alto nível, estamos pensando e pensamos durante todo o dia como estão os nossos médicos e enfermeiros que estão doentes, quem vai substituí-los; pensamos onde estão os anestésicos para as pessoas que vão precisar ficar entubadas; o que a gente tem de fazer para aumentar o número de leitos. Então, de fato, a correria tem sido muito grande e sobra pouco tempo para se pensar na política. Mas, eu costumo dizer o seguinte: à medida que você trabalha, você está fazendo política; à medida que você planeja, que você atende a população da forma correta. Isso, também, é fazer política e essa é a política que fazemos, a política do trabalho.
Todos os administradores públicos, seja em nível municipal, estadual ou federal, trabalham para que ao final de suas gestões possam deixar uma marca de governo. Qual será a marca que o senhor espera deixar, cumprindo o mandato atual?
Roberto – Nós vamos deixar consolidado que é possível fazer uma gestão planejada e que, ao mesmo tempo, é possível fazer uma gestão séria e cuidar de pessoas, fazer justiça social. Muitas pessoas separam a área da saúde da área social. Eu entendo que a saúde, o social, o esporte e a educação cuidam de pessoas. Quando nós melhoramos a saúde, quando atendemos a pessoa em estado de vulnerabilidade e, quando Anápolis se torna a única cidade em Goiás que tem um local para acolhimento de mulheres vítimas de violência; quando se cria o Zap da Saúde que é para as pessoas não poderem mais madrugar nas filas para marcar a sua consulta isso não é saúde, não é social, é cuidar de pessoas. Quando a gente cria o Natal do Coração para levar alegria e esperança aos quatro cantos, isso não é saúde, não é social, é cuidar de pessoas. Então, é possível fazer gestão séria, que trabalha, que gosta de cuidar de pessoas. Acho que esse é o grande legado que a gente vai deixar.
A pandemia, por certo, levantou um “muro” em torno de alguns projetos de muitos administradores em todo o mundo e não é diferente em Anápolis. Alguns projetos que o senhor idealizou ainda não foram concluídos. Mas, até então, o senhor está satisfeito com o que já realizou?
Roberto – Quando disputamos as eleições em 2016, nós tínhamos algumas propostas que eram consideradas as principais e vamos recapitular. O problema da água: está encaminhado e em processo de solução. Guarda Municipal: nós criamos a Força Tática Municipal, que é muito mais representativa e muito mais eficaz do que qualquer guarda municipal do País. Pediatria: nós construímos e colocamos para funcionar a UPA com perfil pediátrico, a terceira do País. Bolsa Universitária: nós implantamos e hoje nos temos alunos fazendo os mais variados cursos superiores, inclusive Medicina, através da bolsa da Prefeitura de Anápolis. Cursinho popular: milhares de adolescentes puderam se preparar para o ENEM, através do apoio da Prefeitura. Ainda, cito a transparência, a redução da burocracia, a nova política de industrialização. Então, quando a gente pega o nosso programa de 2016, não tenho dúvida de que mais de 90 por cento ou já foram entregues ou estão em fase final. O asfalto do Jardim Promissão está até bonito de se ver, fazendo as galerias de água que foi também uma promessa. Só que novas demandas vão surgir. Por exemplo, cuidamos das crianças. Mas, a gente tem uma população que envelhece e agora a gente vem com a UPA geriátrica. Chegar a Branápolis, que era uma região esquecida, e colocar lá um ginásio de esportes é uma realização. Enfim, você conseguir olhar para os quatro cantos da Cidade era o nosso projeto. A pandemia atrasou alguns projetos, atrasou alguns processos licitatórios. Então, coisas que achávamos que iríamos concluir no início do ano, vamos concluir no final. Mas, a pandemia não foi motivo para a gente deixar de fazer nada. Ela pode, até, ter atrasado uma coisa ou outra, mas a solução dos problemas está encaminhada. Vamos só relembrar como pegamos a situação da Avenida Brasil, só com os esqueletos dos viadutos. Quando assumimos a Prefeitura, o Parque da Jaiara estava destruído. Foi alagado. Hoje, é um dos parques mais bonitos da cidade. A transformação do problema de saúde e ambiental que era o Parque Ipiranga. Agora, vamos ter um Centro de Tecnologia para acolher os jovens e dar oportunidade para que eles possam colocar em prática as suas ideias inovadoras e vamos ligar ele ao Parque das Águas, fazer todo um complexo. Então, foram muitos compromissos e tenho certeza de que mais de 90 por cento deles foram ou estão por concluir. Mas, muitos projetos ainda virão, porque Anápolis merece sempre mais.
Qual a mensagem que o senhor deixa para os anapolinos nessa passagem dos 113 anos de emancipação?
Roberto – Essa pandemia vai passar e nós só temos uma forma de enfrentá-la: é com trabalho, com amor ao próximo e pedindo a Deus para que ele possa nos abençoar cada vez mais. Anápolis é uma cidade abençoada e de um povo cristão, que se encontra numa situação diferente dos demais municípios do País. Graças ao trabalho da Prefeitura? Sim, mas, sobretudo, graças à fé de seu povo e é a fé que nos mantém de pé sempre.