A estreita relação entre doenças bucais e saúde geral pode ser exemplificada pelos resultados de pesquisas recentes, mostrando que portadores de doenças bucais têm maior chance de desenvolver doenças cardiovasculares, pulmonares, renais, diabetes, e de dar à luz crianças prematuras e de baixo peso. ”Da afta ao câncer, temos doenças que afetam o sorriso e a saúde bucal. Por isso é tão importante incluir as visitas ao dentista entre os exames obrigatórios do check-up anual”, explica o doutor Weber Adorno. Além disso, a boca reflete o estado de saúde geral. Muitas doenças sistêmicas têm manifestações bucais.
Segundo Weber Adorno, são inúmeros os males capazes de afetar o sorriso de uma pessoa. A falta de higiene e de cuidados essenciais com a limpeza dos dentes e de toda a cavidade bucal é a principal responsável por doenças que vão desde uma simples gengivite, até tumores, passando pelas cáries, doenças periodontais, aftas, mononucleoses, herpes, halitoses, etc. “A cárie assim como a doença periodontal, podem evoluir causando a perda do dente”, afirma a odontologista Jucielly Damasceno. Traumas e outros agentes externos também causam complicações. Dentes quebrados ou mal posicionados, restauração dentária em excesso e próteses e dentaduras que machucam provocam lesões e infecções crônicas. E há, ainda, a possibilidade de medicamentos favorecerem o aparecimento de inflamações, como o que ocorre com o uso contínuo de drogas destinadas ao controle da pressão arterial e das crises de epilepsia.
Segundo dados de 2003, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 30 milhões de brasileiros – ou seja, 16% da população – nunca estiveram em um consultório odontológico. Talvez, por essa razão, muita gente ainda acredita que os problemas bucais estejam limitados apenas às cáries. A boca é o órgão do corpo humano mais exposto a processos infecciosos e traumáticos. É uma cavidade úmida, escura, bastante vascularizada, sensível a alterações orgânicas internas e a variações de temperatura e repleta de microrganismos. Portanto, muito vulnerável a doenças.
Cuidados
Mas, a cavidade bucal não funciona apenas como alvo. Ela também serve de porta de entrada e pode levar problemas a outras partes do corpo. “Infecções crônicas da gengiva, por exemplo, podem danificar fígado e rins”, avisa o ortodontista. Além disso, existe a endocardite bacteriana, uma infecção das válvulas do coração que acomete com maior freqüência quem já apresenta danos no órgão. “Por meio de abscessos na boca – acúmulo de pus causado por inflamações – agentes nocivos podem se alojar no coração e piorar o quadro, provocando até mesmo a morte da pessoa. É por isso que pacientes cardíacos são orientados a tomarem antibióticos antes de cada procedimento dentário. Esta atitude preventiva ajuda a diminuir os riscos dessa complicação”.
Como fazer a prevenção?
Para evitar complicações e doenças é necessário, portanto, tomar alguns cuidados básicos com a saúde da boca, entre eles: usar o fio dental – remove com facilidade a placa bacteriana e os resíduos de alimentos; usar o creme ou gel dental – ajuda a prevenir cáries e tártaro, assegurando um hálito saudável e refrescante; escovação dental; e enxágue bucal. Também ajuda trocar a escova dental a cada três meses ou quando perceber que ela começou a ficar desgastada. Além de consultar o seu dentista periodicamente.
No caso dos bebês a atenção deve ser ainda maior. Para que eles tenham uma perfeita saúde bucal, de maneira a se tornarem adolescentes saudáveis recomenda-se: amamentar o bebê pelo menos até o sexto mês, já que o leite materno, além do valor nutricional, ajuda no desenvolvimento da mandíbula e da maxila; retardar ao máximo a colocação de açúcar na alimentação, pois ele prejudica a dentição e impede que a criança se acostume com o paladar natural das frutas; levá-lo ao dentista a partir dos três meses de idade, antes de os dentes começarem a nascer; utilizar chupeta e mamadeira, quando muito, até um ano e meio; manter horários regulares de alimentação; e fazer a higiene bucal pelo menos três vezes ao dia. A partir do sexto mês, é necessário, também, limpar a gengiva; e assim que nascerem os primeiros dentes deve-se começar a escovação.
Jucielly Damasceno ensina, ainda, que a melhor escova é aquela que atende a todas as necessidades do paciente. Para aqueles que não possuem problemas periodontais, a melhor indicação são as escovas simples, de cerdas macias e cabeça redonda. Já os pacientes que possuem algum tipo de problema devem usar escovas específicas. Como exemplo, os pacientes que usam aparelhos devem utilizar escovas de um tufo; e aqueles que têm problemas motores, escova elétrica. Ela alerta que o uso de anti-sépticos bucais só deve ser feito com orientação do dentista. “Anti-sépticos são medicamentos e se utilizados de maneira errada podem acabar prejudicando o paciente, principalmente, aqueles que contêm álcool em sua composição”.
Providências
“Pessoas que têm algum problema periodontal acabam vindo ao consultório com mais frequência”, explica Jucielly. Pessoas com risco bastante baixo à cárie ou à doença gengival podem consultar o dentista apenas uma vez por ano. “Pessoas com risco alto (devido à presença de doença gengival, baixa resposta imunológica a infecções bacterianas ou uma predisposição genética à formação de placa ou cáries) precisam visitar o dentista a cada três ou quatro meses, ou mesmo com freqüência maior, para que tenham um cuidado ideal”, orienta Weber Adorno.
A frequência das consultas de retorno pode ser alterada durante a vida de cada indivíduo. Em períodos de estresse ou de enfermidades, pode ser necessário consultar o dentista com freqüência maior do que o usual para assim ajudar a combater uma infecção temporária ou tratar de alterações na boca.
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