A boa notícia deste início de ano é que milhares de brasileiros estão a ponto de recobrarem suas situações econômico/financeiras de antes da pandemia da covid-19. Vários nichos da produtividade ensaiam bons e seguros passos em busca da redenção, o que, por sinal, vai tirar muita gente da desconfortável e incômoda dependência de projetos sociais dos governos e das organizações não governamentais. Com raras exceções, o trabalhador quer, sim, ser digno de seu salário. Ele quer produzir, quer sair de casa pela manhã, ir para o serviço e voltar no final do dia com a consciência do dever cumprido.
Entretanto, diversos fatores (o principal deles foi, sem dúvidas, a pandemia) têm impedido que isto aconteça. Muitas empresas, de todos os tamanhos, fecharam suas portas, ou, diminuíram a intensidade de produção. Com isso, pais (e mães) de família se viram, da noite para o dia, na “rua da amargura”. Isto não é bom em tempo algum, mas é uma realidade a que todo estão expostos. E, um dos setores tidos como sustentáculos da economia nacional, constituído pelos micros e pelos pequenos empreendedores, foi o que mais sofreu com as sucessivas crises. Daí, a importância de esses empresários buscarem apoio oficial, principalmente na liberação de recursos em forma de empréstimos subsidiados. Só que, esta realidade, ainda, está distante de muitos, por que não dizer, da maioria.
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As empresas brasileiras pediram mais crédito em 2021, segundo o Indicador de Demanda das Empresas por Crédito da Serasa Experian. O aumento acumulado foi de 20,6% em comparação com 2020, a maior alta de toda a série histórica do índice, iniciada em 2018. No entanto, micro e pequenos empreendedores esbarram em exigências e burocracias para obter crédito. De acordo com uma pesquisa realizada pelo SEBRAE em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, 86% dos pedidos de empréstimo por empresas, entre abril e maio de 2020, foram negados. Isto fere, de morte, o desejo de grande parte dessas pessoas que buscam a recomposição econômica e, assim, colaborarem para a restauração do PIB (Produto Interno Bruto) do País.
Sem contar que, essa dificuldade retrata uma grande incoerência, pois, ao mesmo tempo em que o Governo estimula a reabertura gradual da economia, os pretensos atores deste projeto, a saber, os micros e pequenos empresários, esbarram em dificuldades impostas pelo sistema vigente. Assim, a frustração abate a muitos deles que, por não encontrarem o respaldo desejado, acabam por retornarem ao ciclo vicioso da dependência dos programas sociais, quando não migram para a informalidade onde sobrevivem, mas, não agregam valores. Não contribuem para a Previdência Social, não têm direitos trabalhistas reconhecidos, ficam sem férias, sem Décimo Terceiro Salário, sem Auxílio Doença e muitos outros benefícios de que poderiam desfrutar, caso conseguissem o apoio necessário de parte dos bancos, dos governos e da classe política em geral. Quem sabe, um dia isso muda…