Podemos pensar que já conquistamos muito, mas quando olhamos para o cenário atual, percebemos que ainda temos muitos a evoluir. Fazendo um raio x da última campanha eleitoral, percebemos que a representatividade das mulheres na política ainda é muito tímida. Em pleno ano de 2020, somente uma mulher foi eleita como prefeita nas capitais dos estados, a Anapolina Cinthia Ribeiro, eleita prefeita em Palmas – TO.
O universo das mulheres nos espaços de poder ainda é algo difícil para a sociedade assimilar. As cidades lidam ainda com uma espécie de patriarcado e machismo, que estão arraigados no seio da sociedade sem que ela reconheça e muitas vezes perceba.
Apesar do grande avanço com as cotas que reservam 30% das candidaturas e do fundo partidário às mulheres, vemos não ser o suficiente. Não somente no quesito financeiro, o que já ajudaria bastante caso realmente esse capital chegasse até às candidatas, mas nas aberturas para as negociações e decisões político partidárias. Segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), foram eleitas neste ano 651 prefeitas (12%), contra 4.750 prefeitos (88%). Já para as câmaras municipais, foram 9.196 vereadoras eleitas (16%), contra 48.265 vereadores (84%).
Quando se tem uma mulher votando as leis, o orçamento e elaborando leis, é claro que ela vai dar uma opinião diferente para tudo. A visão ampliada que a mulher tem sobre a sociedade e o cidadão difere, e muito, nas políticas públicas e nas decisões gerais da cidade.
A prefeita Cinthia foi questionada numa entrevista se uma mulher conservadora e de direita pode ser feminista, ela disse que “a causa e a luta pela defesa dos direitos da mulher é suprapartidária”.
Acredito nesta realidade também, nenhum gestor pode ficar preso à bandeira partidária para fazer gestão. Precisamos entender que não é só partidos de esquerda que consegue entender a necessidade da luta pela representatividade de mulheres negras e de mais mulheres à frente dos espaços de poder. Tudo isso é algo que a gente deve discutir diariamente. Não é assunto de Direita ou Esquerda. Isso é sociedade, é cidadania.
Quando a gente tem um Congresso Nacional ou uma Câmara de Deputados, uma Assembleia Legislativa, uma Câmara de Vereadores, ou cargos da chefia do Executivo masculinas, temos aí decisões de políticas públicas todas tomadas pelo mesmo viés. Diante disso, temos a diminuição da democracia em si e o empobrecimento da pauta coletiva. Com isso, o nosso povo não é representado como deveria.
Com toda essa perspectiva, quero encorajar as mulheres de Anápolis a participarem mais do espaço político e a entenderem a importância de termos em breve mais vereadoras (Presidentes da Câmara), participantes de executivas partidárias, prefeitas e vice-prefeitas. Continuo acreditando que as mulheres de Anápolis têm capacidade de estar no cenário político nacional.