Depois de ter a história publicada no portal, motoboy agradece doações e diz que ajuda não é mais necessária
Todos estamos sujeitos a um momento de dificuldade. Não importa o quanto nos julguemos importantes ou inatingíveis, essa hora sempre chega, mais cedo ou mais tarde, para qualquer um. E é aí, quando ficamos à mercê da boa vontade alheia, que percebemos o valor da solidariedade. Ajudar sem almejar nada em troca, pelo simples prazer de dar alívio ou trazer de volta a felicidade de alguém que não consegue fazer isso por si mesmo, naquela situação. E foi assim que chegou a hora de Cláudio Lopes da Silva, de 38 anos.

Acidente
Cláudio ganhava a vida como motoboy. O dinheiro nunca sobrava mas, somado ao da mulher, que trabalhava num supermercado, ia levando, pagando aluguel, comida e demais despesas do lar. Uma rotina que considerava difícil. Mas, Cláudio não sabia o que estava por vir. No dia 8 de janeiro deste ano, ele perdeu o controle e bateu num poste.
Levado com vida ao Hospital de Urgências de Anápolis teve fraturas expostas no fêmur e na tíbia, além de perder a rótula do joelho. Alguns nervos que comandam movimentos no braço direito também foram rompidos. Cláudio passou por várias cirurgias antes de ir pra casa. Desempregada, a mulher, Sirlei, passou a fazer salgados para vender. As dificuldades tinham aumentado bastante.
COVID-19
Mas, a COVID-19 chegou como um tsunami, sem aviso, derrubando o comércio e deixando o casal apenas com o benefício do INSS, pago por causa do acidente do marido. O aluguel chegou a atrasar três meses, enquanto o benefício do INSS chegava ao fim. A saída foi cortar despesas. O pai de Carlos ofereceu os fundos da casa onde mora para que fosse construído um barracão. Assim, pagar aluguel não seria mais necessário.
Resposta Rápida
A história de Sirlei foi trazida até o Portal Contexto, onde sensibilizou a todos. Ela pediu que fossem feitas doações para que o pequeno barracão fosse construído. A resposta da sociedade foi imediata.
Uma semana depois, o próprio Cláudio procurou o Portal Contexto pessoalmente para agradecer o espaço e a divulgação. Ele também pediu que fosse retirada do ar a reportagem solicitando doações. É que a quantidade de material que havia recebido já era mais que suficiente para construção. “Começou a aparecer gente pra doar telha, saco de cimento, areia. Chegou uma hora em que eu achei que poderia ser mal interpretado por estar recebendo tanta coisa”, disse ele.
A humildade e honestidade de Cláudio surpreendeu a redação. Com os movimentos da perna quase restabelecidos, o motoboy, que também era professor de capoeira, ainda precisa operar o braço para tentar recobrar os movimentos. Mesmo assim veio para, segundo ele, agradecer e fazer cessar a ajuda. “Muitos nessa pandemia estão mais necessitados do que eu e é à eles que essa ajuda deve ser endereçada agora”, conclui.