Durante toda a minha vida, algo que sempre me impacta é a forma como os missionários respondem ao chamado e aceitam as orientações de Deus para suas vidas. No dicionário Priberam da Língua Portuguesa, a palavra missionário significa “aquele que foi incumbido de realizar determinada missão; pessoa que prega uma religião, com o intuito de converter à sua fé”. Na vida real, essa definição vai muito além.
A palavra de Deus precisa chegar aos povos em todos os cantos do mundo e, para isso, homens e mulheres são chamados a deixarem suas casas, suas famílias, suas cidades e, algumas vezes, até seus países. O “ide” pode, em alguns casos, alterar a profissão, provocar a redução na renda, resultar em mudanças constantes de domicílio, afastamento do convívio social. Para quem não tem o chamado, essas podem ser exigências sobremaneira penosas. Para aqueles que são chamados, Deus está no comando e, portanto, suas vidas estão à disposição do Soberano para servir onde e como melhor lhe aprouver.
Por isso, ser missionário pressupõe alguns requisitos indispensáveis como obediência, renúncia, submissão, consagração e unção. A Bíblia nos dá exemplos de homens que obedeceram a Deus sem questionar, mesmo que a ordem parecesse, a princípio, inusitada, severa ou dolorosa ao extremo. Noé foi orientado a construir uma arca e foi motivo de chacota entre seus contemporâneos. Apesar do descrédito alheio, Noé obedeceu. “Assim fez Noé, segundo tudo o que Deus lhe mandou, assim o fez” (Gn 6:22).
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Abraão recebeu ordem para sacrificar seu próprio filho e não questionou ou revoltou-se, apenas obedeceu. “E estendeu Abraão a sua mão, e tomou o cutelo para imolar o seu filho; Mas o anjo do Senhor lhe bradou desde os céus, e disse: Abraão, Abraão! E ele disse: Eis-me aqui. Então disse: Não estendas a tua mão sobre o moço, e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus, e não me negaste o teu filho, o teu único filho” (Gn 22:11-12). Jesus foi humilhado, espancado, sofreu a dor da cruz e deu sua própria vida segundo a vontade do Pai. “…e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fp 2:8).
Além da obediência também é preciso estar disposto a renunciar ao mundo e à carne como o fizeram Moisés, José e Jó: “porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita a lei de Deus, nem em verdade o pode ser” (Rm 8:7). E mais: faz-se necessário ser submisso à vontade de Deus, ao “ide” de Cristo e à voz do Espírito Santo como o foram João, Jonas e Felipe. “Mas um anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te, e vai em direção do sul pelo caminho que desce de Jerusalém a Gaza, o qual está deserto” (At 8:26).
Com todos esses atributos, para ser um missionário ainda é fundamental que haja consagração em oração, na leitura da Bíblia, no jejum e na santificação. “Ora, amados, visto que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus” (2 Co 7:1). Tudo isso, somado à unção do Espírito Santo, permite distinguir entre os próprios desejos e a vontade soberana e perfeita de Deus. Ser missionário requer muito mais que o desejo de servir ao Senhor dos senhores e exige uma entrega irrestrita.
É difícil? Sem dúvida, a resposta é sim. Vale a pena? Com toda certeza. O Deus que te chama é o mesmo que te prepara, sustenta, conduz e protege. Andar com Ele, por Ele e para Ele é o maior dos privilégios que um cristão pode ter sempre confiando na promessa de Jesus: “E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos” (Mt 28:20b).