Não falta mais nada! Agora o carnaval também é motivo de divisão no País. Ou somos Tuiuti ou somos Beija Flor. Quem gosta de uma abomina a outra; quem viu samba no pé em uma, assistiu passo doble na outra; quem vibrou com a evolução de uma enxergou um verdadeiro clarão na outra; quem acompanhou os passos do mestre sala e porta bandeiras de uma não conseguiu enxergar os mesmos passos em outra; e quem cantou: ´ÃŠ calunga! Ê ê calunga!
Preto Velho me contou, Preto Velho me contou Onde mora a senhora liberdade Não tem ferro, nem feitor ´, por certo abominou os versos da outra: ´Estenda a mão meu senhor Pois não entendo tua fé Se ofereces com amor Me alimento de axé Me chamas tanto de irmão E me abandonas ao léu Troca um pedaço de pão Por um pedaço de céu.
Gente que não gosta de Carnaval passou a se considerar entendido; gente que considerava Carnaval ópio do povo passou a considerá-lo sinônimo de libertação deste mesmo povo. Pessoas que desfilaram por uma e por outra escola foram estigmatizadas ou veneradas conforme a crença política de cada um. Risível, triste, melancólico e como se fossemos todos artistas, foliões, reis ou piratas, feitores ou escravos em fantasias esquecêssemos que tudo deveria se acabar na quarta-feira. No Brasil de hoje, nesta Nação fratricida que estamos construindo nada se acaba, o conflito tornou-se perene; a razão divorciou-se da paixão e o pierrot outrora apaixonado pela colombina escondeu-se em um canto do salão e acabou chorando.
Todos acreditem, estão errados, escolas de samba sempre flertaram com o poder político e também com a contravenção. No final do anos 40, a primeira cisão entre escolas de samba deu-se devido ao apoio da Império Serrano ao Partido Comunista Brasileiro em contraposição a Mangueira e Portela que apoiavam o governo Dutra. Nos anos 60, o lendário Natal introduziu a contravenção na Portela. Os bicheiros enxergaram nas escolas de samba uma maneira de legitimação de suas atividades e, acreditem, aceitação social. A Beija Flor e outras escolas avançaram ainda mais o sinal unindo a contravenção à política. Esta escola tradicionalmente ligada ao ciclo político militar não hesitou em contratar um dos símbolos da esquerda pagã, Joãozinho Trinta, para inaugurar a era dos grandes desfiles financiados com dinheiro da contravenção e também de políticos. Ai os verdadeiros reis da Avenida passaram a ser contraventores travestidos em mecenas: Anisio Da Beija Flor, Castor de Andrade, Capitão Guimarães, Luizinho Drummond, acabara-se a fantasia e a ilusão se volta ao barracão pois queira ou não queira acabou-se o Carnaval.
Tuiuti e Beija Flor fizeram um belíssimo Carnaval , simples assim, por que é tão difícil de aceitar?
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