Impressiona o grau de irracionalidade na discussão política atual. Aliás, se existe algo irracional é a discussão política. Impressionante a capacidade da política em suscitar discordâncias. Religião, futebol, ética também são passiveis de discordância, mas ouso dizer que no nosso momento atual, nada seja mais irracional que a discordância política.
Nas discussões políticas atuais os debatedores, verdadeiros contendores, têm opiniões fortes. Raramente, mudam de opinião sobre o adversário. Estão convencidos de sua irracionalidade. Vejamos um exemplo: há duas semanas, todos defendiam um maior espaço para as mulheres na política. Agora, isto deixou de ser uma verdade absoluta; todos entendiam a importância da cultura na formação da identidade de uma nação. Agora, isto passou a ser uma discussão sem importância. Independentemente de ser de direita, ou, esquerda, estes temas deveriam confluir para uma espécie de unanimidade, ou seja, mulheres na política e fortalecimento das manifestações culturais não deveriam ser motivos de discussões irracionais.
As pessoas discordam politicamente porque, primeiro, têm valores morais diferentes. Segundo, têm informações diferentes, ou mesmo, insuficientes. Terceiro, porque a discussão política envolve paixão e, por que não, ignorância. E, por ultimo, como já estamos a salientar, a discussão política nos torna irracionais.
Diferente de uma discussão futebolística apaixonada entre dois torcedores adversários em que o resultado final de uma partida pode convencer a uma das partes quanto à superioridade de um time em relação ao outro. Na discussão política, isto não ocorre. Como no passado, divididos entre udenistas e pessedistas, emedebistas e arenistas, hoje é impossível juntarmos em uma mesa petistas e não petistas.
As discussões políticas são, absolutamente, normativas. Devemos ter mulheres no ministério? Precisamos de um ministério para a cultura? Para as minorias? Podemos legalizar o jogo de azar? Os cassinos? O aborto? As universidades devem ser públicas? É preciso criar cotas? Questões relativas a valores não encontram respostas simples. Sabemos, mas, por que sermos tão irracionais?
O momento no Brasil parece ser do espectro ideológico à direita. É possível um governo de direita respeitar as conquistas tão duramente alcançadas pela sociedade? E o governo de esquerda atendeu a todos os anseios da sociedade?
Tal como ensina Saramago ´essa indiferença em relação ao outro, essa espécie de desprezo do outro, que eu me pergunto se tem algum sentido numa situação ou no quadro de existência de uma espécie que se diz racional. Isso, de fato, não posso entender, é uma das minhas grandes angústias´.
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