E agora, Brasil?
Parodiando Drummond, bem que esta poderia ser a pergunta que estivesse ecoando Brasil afora, depois que perdemos o Hexa. Vergonhosamente, é bom que se diga. Mas, a festa acabou, a taça não veio, a frustração bateu, o orgulho despencou, o desânimo chegou.
Acontece que o mundo não acabou. Futebol tem todo dia e em todo lugar. O que o Brasil precisa agora, muito mais do que nunca, é de se impor como nação. O país já tem 506 anos e ainda depende de muita coisa. Depende de ver, todos os dias, milhares de seus cidadãos embarcando para serem escravos brancos (ou não), na Europa e nos Estados Unidos. Vê mães e filhos desesperados, mulheres indo para o mercado da prostituição internacional, homens indo para o subemprego. E ainda falando que é melhor lá, do que aqui.
Perdida ou não, a Copa do Mundo não cura as feridas de milhões de pessoas passando fome por todo este país. E nem é preciso ir ao sertão nordestino para ver. A fome e a miséria são nossas vizinhas, basta querer enxergar. Copa do Mundo não resolve o problema da violência, num país onde o tráfico, o crime organizado, a corrupção é que fazem a diferença. Onde se prende por um xampu roubado, mas não se prende quem manda milhões de dólares sujos para o exterior.
É claro que Copa do Mundo não resolve o problema de gente morrendo sem atendimento nas filas dos hospitais, ou em acidentes nas rodovias esburacadas. Não acaba com o vergonhoso índice de hanseníase (o Brasil é o primeiro lugar, também nesta competição). Ou, quem sabe, dos casos de inanição, de tuberculose e de outros males.
Seria bom que trouxéssemos o hexa. Não deu. Então, é hora de olharmos coisas mais sérias. Podemos começar elegendo em outubro gente honesta, gente que realmente tem compromisso com a verdade, com a moral e com a honra. Vamos ter a oportunidade de eleger o presidente, os governadores, os deputados, os senadores. Quem sabe, sem a vaidade do hexa-campeonato, com os pés no chão, não tenhamos tempo e discernimento para avaliarmos melhor os candidatos? Aqueles que pretendem ser nossos representantes, ganhando excelentes salários, é verdade. Mas que estejam interessados em tirar o Brasil desta incômoda posição de décima quarta economia global, perdendo para nações, até então tidas como inexpressivas, mas que deixaram o futebol um pouco de lado e resolveram levar a vida mais à sério. A propósito, o que se fala e se escreve é que perdemos o hexa. Como o perdemos se ainda não o conquistamos?
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