Em carta encaminhada ao presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), a senadora Marina Silva (AC) comunicou a sua saída da legenda com a justificativa de que o Partido não ofereceu “condições políticas” para avanços na questão ambiental. O Governador Alcides Rodrigues, embora não tenha enviado carta ou manifestado publicamente, tem sinalizado seu rompimento com o Senador Marconi Perillo. Muricy Ramalho ex-jogador, torcedor declarado e técnico de futebol do São Paulo, tricampeão brasileiro, é hoje técnico do Palmeiras. Gugu, cria e funcionário de Silvio Santos por 20 anos trocou o SBT pela Record. Na política, no esporte e nas artes, diariamente, há dezenas, centenas de casos semelhantes. Nada comparável com o cotidiano em que milhares de casais diariamente, aqui e alhures, separam-se após anos de convivência.
Simone Weil, in ‘A Gravidade e a Graça’, afirma que o afeto não é mais do que a insuficiência do sentimento da realidade. Estamos envolvidos com a posse de uma coisa por que acreditamos que se deixarmos de possuí-la, ela deixa de ser. Difícil, muito difícil, explicar o encerramento da admiração, do afeto. Compreensível a atitude de Marina, de Alcides ou de tantos outros que rompem um laço com pessoas que admiravam. Difícil a aceitação, para ficarmos nos exemplos acima, por parte de Lula ou Marconi. Estes parecem acreditar naquela máxima que “não se cospe no prato em que se come”.
Como explicar nosso sentimento de individualidade, a necessidade de alguém galgar novos passos e a vontade de romper os laços umbilicais que unem criatura e criador? Como explicar a necessidade de independência?
Friedrich Nietzsche, in “Para Além de Bem e Mal” ensina que ser independente é uma questão que diz respeito a uma muito restrita minoria: – é um privilégio dos fortes. Mas, também os covardes abandonam barcos, claro que por motivações, digamos assim, menos nobres.
Existe um preço a ser pago pela busca da independência. E aquele que é mais visível é o isolamento inicial a que se submetem aqueles que buscam a independência. Ficam isolados até o momento em que conseguem vencer a indiferença. Aí, fortalecidos em sua empreitada passam a conviver com o maior de todos os males – a bajulação e o medo de serem traídos.
Finalizando, é impossível não nos lembrar dos Sermões do Padre Vieira em que este sábio filósofo ensinava “Amor e ódio são os dois mais poderosos afetos da vontade humana”.
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