É admirável como muita gente consegue se adaptar, rapidamente, a novos procedimentos sociais, mudando radicalmente o modo de agir, o modo de falar, o modo de se portar, e, em muitos casos, até o modo de pensar.
Na política isso é mais visível. Em troca, digamos, de uma estabilidade sócio/econômico e política, vão embora, com muita facilidade, a ideologia e o companheirismo e, o que é mais importante, a dignidade. Se vivo estivesse, o saudoso vereador Valmir Bastos Ribeiro se manifestaria chamando-os de “bigorrilhos”, termo que empregava sempre que se dirigia a pessoas, ou a grupos, descompromissados da idoneidade. Sob a desculpa da fragilidade dos partidos e do sistema políticos, as lideranças desse país pulam “de galho em galho”, em busca do que for mais “confortável”.
Outros se estribam na velha e esfarrapada desculpa de que “estou ao lado do povo e vou apoiar tudo o que for de interesse da comunidade”. Que posicionamento mais fajuto. Quer dizer então que, em nome da chamada governabilidade, vai embora o que existe de mais importante, possivelmente de mais sagrado em política, que é o princípio de contraditório? Ou, em tese, os governos sempre estão certos, não erram, não cometem pecados, não cometem desatinos?
Dias atrás, a administração passada, era “tudo de bom” para políticos, lideranças comunitárias e para grande parte da imprensa. Acabou o governo, assumiu o novo comandante e tudo o que foi dito, deletou-se. Importante que se diga, ainda, que grande parte da tripulação do barco que se considera naufragado, conseguiu sobreviver politicamente e hoje, de forma “altaneira e orgulhosa”, faz parte da nova proposta administrativa da cidade.
Essa é a imagem, lamentavelmente, da política. Ampliando-se a idéia, descobrir-se-á que no nível regional também não é diferente. Muita gente que viveu ao lado de Marconi Perillo durante oito anos, hoje finge não conhecê-lo. Assim é, também, no plano nacional. Tucanos de alta plumagem, que eram “assim” com Fernando Henrique Cardoso, hoje são “lulistas de carteirinha”. São os bigorrilhos dos tempos modernos que aguardam, tão somente que o governo mude, para que eles façam o mesmo. Vem à memória a frase atribuída a certa liderança anapolina: “Eu nunca mudei; sempre fui governo. Eles é que mudam lá em cima”. Bigorrilhos, isto sim!
Em tempo: Bigorrilho seria uma derivação de bigorrilha, que conforme o Dicionário Aurélio, “é um termo sulista, que se refere a homem reles, vil, sujeito fraco que pretende arrotar valentia”.
Profissão em alta: Diretor de Felicidade
Samuel Vieira É… quem diria. A felicidade tem sido algo tão escasso, a insatisfação, estresse e descontentamento tão presentes, que...