Andam espalhando aos quatro ventos que Anápolis é o novo “eldorado” do Brasil Central. Não é bem assim… É claro que a cidade tem tudo para deslanchar ainda mais na economia, superando, inclusive, as marcas nacionais. Mas, tudo dentro do limite. Certamente que a chegada de uma montadora de veículos (no caso a Hyundai), que começa a entregar os primeiros exemplares no final de março, dá um grande alento. Entretanto, traz consigo uma série de preocupações. A fábrica vai representar muitas oportunidades de trabalho. Mas, empregará somente quem tiver qualificação. Daí, o problema criado. Se não houver um projeto de contenção, de esclarecimento, de informação, corre-se o risco de ver-se em Anápolis uma migração sem precedentes, com a chegada de levas e mais levas de trabalhadores sem a mínima capacitação para o ingresso na indústria automobilística.
Convém dizer, ainda, que a Hyundai vai oferecer milhares de postos de trabalho, mas a médio e a longo prazos. No início serão apenas algumas centenas. E de gente treinada, preparada. Por certo não se pode impedir o sonho de brasileiros, e brasileiras, em ingressarem nos quadros da multinacional. Afinal de contas, trata-se de um bom emprego, na maioria dos casos. O que se deve prever é o problema social. Numa cidade onde o que não falta é problema social, corre-se o risco de verem-se aumentados as favelas, os bolsões de miséria e pobreza, causados, principalmente pelo desemprego, advindo do desengano de muitos que sonhavam ser trabalhadores da montadora coreana.
Exemplo disso é o que não falta. Recentemente, na cidade de Rio Verde, onde se instalou uma representação da empresa catarinense Perdigão, criou-se a mesma falsa expectativa. A Rede Globo foi lá e mostrou a grandiosidade do projeto. No outro dia, começaram a chegar ônibus e mais ônibus fretados por trabalhadores de todos os cantos do Brasil, em busca das vagas. Puro engano. Milhares deles não encontraram o sonhado emprego e a maioria não teve nem como retornar ao lugar de origem. Resultado: aumento da violência, da criminalidade, da fome, da miséria. A Prefeitura de lá, até hoje, não sabe como lidar com o problema.
Não se deseja o mesmo para Anápolis. Assim sendo, as autoridades, de todos os níveis, de todos os portes, devem atentar para isso imediatamente. O mesmo se aplica em relação a outros grandes empreendimentos que estão sendo anunciados. É preciso que se trabalhe a consciência das pessoas, para que se evite um caos social. Sem contar que, a Prefeitura e o Governo do Estado necessitam, imediatamente, iniciar a implantação de projetos de estruturação (educação, saúde pública, segurança, transporte de massas, moradias e outros) para a recepção aos trabalhadores que, inevitavelmente, chegarão para disputar as vagas na Hyundai, no Carrefour, nos laboratórios do Daia e em outros empreendimentos. Enquanto é tempo…
Da polarização à união é o desafio pós-eleições
A polarização política intensificada durante o primeiro e segundo turnos das eleições de 2024 trouxe à tona uma série de...