Anápolis é uma cidade carente de muita coisa. Na verdade, Anápolis, em que pese a luta de seu povo, durante esses 100 anos, com raríssimas exceções, sempre foi uma cidade vista de forma secundária, tanto pelos seus governantes, quanto pelos que deveriam, por gratidão e por reconhecimento, cuidarem melhor dela. O seu sistema viário/urbano, por exemplo, é uma lástima. A rigor, a cidade não tem um plano inteligente para facilitar o escoamento do tráfego (atribui-se essa falha ao crescimento desordenado, pois Anápolis não teve uma planta inicial), o que serve de desculpas para muitas incorreções e muitos abusos que se verificam no dia-a-dia.
A nosso ver, entretanto, existem irregularidades que saltam aos olhos. Muitas delas aberrações urbanas que deveriam, ao longo das décadas, terem sofrido a ação governamental, no sentido de se corrigir males que prejudicam à população. Sem contar as ruas que “morrem” sem quê nem por quê, no centro da cidade (Barão de Cotegipe e Rui Barbosa são dois exemplos clássicos, de ruas que nascem e morrem na região central), há o inconveniente das calçadas, ou passeios públicos, como são chamadas essas pseudo-reservas para os pedestres.
Tomando por base as principais avenidas da cidade – Brasil, Goiás, Tiradentes, Presidente Kennedy, Fernando Costa, Mato Grosso, Minas Gerais e outras – dá para se ter uma idéia do quanto os pedestres anapolinos são maltratados. As calçadas de Anápolis têm donos, contrariando a regra maior de que passeios públicos são para o povo.Entretanto, quando não é automóvel, bicicleta, mesa, cadeira, churrasqueiras, bancas de jogos, camelôs, é o desnível das calçadas que chama a atenção. Cada morador faz (quando faz) sua calçada ao bel prazer. Umas altas, outras baixas; umas com canteiros, outras não; a maioria, entretanto, expulsando os pedestres para a via pública. Imagine uma pessoa idosa ou com necessidades especiais, trafegando pelos passeios públicos anapolinos. Impraticável.
Culpa da Prefeitura, diriam uns. É verdade. Culpa dos vereadores que não criam leis inteligentes para resolver esse problema. É verdade também. Culpa dos maus comerciantes que fazem das calçadas, extensões de suas lojas. Outra verdade. Certamente que cada um de nós tem sua parcela de culpa. A partir dos que não denunciam, que não procuram o Ministério Público, que não reclamam ao serviço de posturas. Afinal, temos esse direito. Depois, a culpa é, realmente, daqueles que de forma acintosa e desafiadora, se apossam dos passeios públicos, como se proprietários deles fossem. Na maior cara de pau.
Da polarização à união é o desafio pós-eleições
A polarização política intensificada durante o primeiro e segundo turnos das eleições de 2024 trouxe à tona uma série de...