Parafraseando Francisco Manuel Barroso da Silva, o Almirante Barroso, conhecido, também, como “Barão do Amazonas” que, na Batalha do Riachuelo (Guerra do Paraguai) deixou imortalizada a frase “O Brasil espera que cada um cumpra com o seu dever”, decididos os nomes daqueles que irão disputar a Prefeitura e as 15 vagas na Câmara Municipal, os cidadãos de bem poderiam repetir: “os eleitores de Anápolis esperam que cada um dos candidatos cumpra com o seu dever”.
Mas, que deveres são esses? Honestidade, lealdade, transparência, dignidade, honradez, competência? São deveres, ou são obrigações de qualquer cidadão, seja ele político ou não, seja ele candidato, ou não?
Na verdade, vivemos uma crise de identidade no Brasil onde, salvo raríssimas exceções, a compostura e o pudor têm se tornado elementos cada vez mais raros. Sem querer crucificar os políticos, muito embora sejam eles, realmente, os mais expostos, o eleitor tem uma grande parcela de responsabilidade nos destinos dos municípios, dos estados e da União. Afinal de contas, o candidato é o político, mas quem escolhe é o eleitor. Em determinados casos, o eleitor é mais culpado ainda, pois se prostitui com maior facilidade.
São muitos os casos, e muitos os flagrantes, de gente que vendeu (isso mesmo: vendeu) o voto por alguns dinheiros, pensando no aqui e agora, sem se importar com a qualidade moral e o caráter de quem estava elegendo, legitimando um despreparado ou corrupto, para ser seu governante. Lamentável, mas é a verdade. Não fosse isso, não teríamos, em todo o Brasil, correndo pelos cartórios e pelos tribunais, centenas de processos contra maus políticos. Políticos que roubam e deixam roubar; políticos omissos, político que comandam verdadeiras quadrilhas, políticos mentirosos e corruptos, gente que deixa rombos extraordinários nas finanças públicas, dinheiro que serviria para projetos sociais e que acaba se transformando em fazendas repletas de gado, em apartamentos nas praias e estações de veraneio, em suntuosas residências de luxo e carros último tipo. As cidades estão cheias dessa gente.
Assim sendo, em cinco de outubro, não basta, apenas, que exijamos dos candidatos as credenciais de pessoas idôneas, de conduta ilibada e que estejam propensas a trabalharem pela comunidade. Isso é, obviamente, importante. Mas, o fundamental é que o eleitor esteja preparado, de espírito desarmado, que vá para a cabine votar de forma consciente, escolhendo aquele cujo histórico ele conhece, sabe de seu passado, o que fez, e o que está fazendo.
Precisamos nos esquecer do tempo em que o voto era trocado por um pé de um par de botinas, ou pela metade de uma nota de dez cruzeiros, pegando as outras metades depois das eleições. Hoje, é verdade, as coisas evoluíram. Os votos são trocados por alguns litros de gasolina, uma cesta básica, um jogo de camisas de futebol, uma caixa de cerveja. É aí que estão os erros. Erro do político que corrompe, erro do eleitor que se vende.
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